Não é de hoje que as emendas parlamentares vêm sendo usadas como moeda de barganha entre o governo do Estado e os deputados estaduais. Os deputados podem mexer em toda a peça orçamentária se quiserem, mas para que isso não ocorra e o planejamento permaneça do mesmo jeito que o governo envia para o Executivo, há a concessão de uma parte desses recursos para que os deputados possam atender suas bases.
Esses recursos são usados na compra de aparelhos de alta complexidade, ambulâncias, tratores, recuperação de vias, enfim, toda a sorte de demandas que chegam aos gabinetes dos parlamentares. Com o agradinho na mão, os deputados nem se preocupam em fiscalizar o emprego dos recursos ao longo do ano.
A diferença é que este ano, Hartung não quer cumprir nem o combinado para que os deputados sejam mansinhos com o Executivo. De R$ 1,2 milhão, o governo só quer pagar R$ 500 mil. Com o discurso calibrado de crise, quem vai ser contra?
O problema é que essa questão é relativa. A lista das emendas mostra como funciona a barganha. O presidente da toda poderosa Comissão de Finanças, Dary Pagung (PRP), que cuida da peça orçamentária e que no ano passado cancelou até as audiências públicas regionais, já tem seus recursos disponibilizados em emendas, que rompe a cifra dos R$ 700 mil, a mais alta da Casa.
Por outro lado, o deputado pedra no sapato de Hartung, Sérgio Majeski (PSDB), não teve nem um centavo disponibilizado. As emendas parlamentares servem para agraciar os aliados, negociar com os mais distanciados e deixar na “seca” os opositores.
A Assembleia está cada vez mais na mão do governador. Algumas investidas contra o Executivo foram devidamente enquadradas e o governo sabe muito bem como controlar a lealdade dos deputados. Se o arranjo institucional, antes se dava pelas ameaças de desconstrução das imagens dos deputados, hoje ele é mantido pelo bolso mesmo, com o enfraquecimento da influência dos deputados em suas bases.
Fragmentos:
1 – O deputado federal Lelo Coimbra (PMDB), por meio de nota, se posicionou como presidente regional do PMDB sobre a prisão do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha. “Enquanto presidente de partido e cidadão, as minhas opiniões nesse tema são da mesma dimensão. A gravidade dos fatos que ocorreram e estão em apuração são determinantes para penalização de mesma equivalência”.
2 – Se Sérgio Vidigal (PDT) e Max Filho (PSDB) se elegerem nas disputas de segundo turno em seus municípios, Serra e Vila Velha, respectivamente, o Estado ganha representação feminina na bancada da Câmara dos Deputados, com a ascensão de Iriny Lopes (PT) e Norma Ayub (DEM), que são as primeiras suplentes nas coligações em que concorreram os deputados federais e hoje candidatos a prefeito.
3 – Magno Malta (PR) é o senador mais influente nas redes sociais, segundo pesquisa da empresa de comunicação Medialogue Digital Brasil. Ricardo Ferraço (ES) é o 15º no ranking.