Segunda, 06 Mai 2024

Casagrande no redemoinho

 

O governador Renato Casagrande está absolutamente correto em sua percepção política de que a hora é de cuidar da gestão e de acumular forças para lutar as batalhas da pauta federativa. Em tempos de crise e “clima de guerra”, é mesmo preciso agregar forças para as reações necessárias. Entretanto, ele vai lidar com a crônica tendência (cultural) capixaba a ter baixa propensão à cooperação. Esta baixa propensão à cooperação se manifesta nas elites políticas, e em particular na Bancada Federal capixaba. Mas o governador está correto em persistir no chamamento à cooperação.
 
Só que a pesquisa de opinião política do Instituto Futura, publicada recentemente em A Gazeta (03/03/2013), colocou a sucessão estadual na rua, mesmo com a opção tendenciosa do Instituto de colocar o nome do senador Ricardo Ferraço na roda. Até as paredes sabem que Ricardo Ferraço já descartou esta possibilidade e que seu mandato vai até 2018. Mas o que importa aqui é dizer que a sucessão foi para a rua com a pesquisa porque ela mostrou que, mesmo com o nome de Ricardo Ferraço no questionário, uma eventual candidatura do senador Magno Malta mostrou-se competitiva e viável. Assim como a pesquisa mostrou, também, que ainda é alto o “recall” do ex-governador Paulo Hartung.
 
Daqui para frente, com batalha ou sem batalha federativa, o xadrez político da sucessão está na mesa e o governador Casagrande vai ter que navegar no redemoinho da gestão e da política. Tudo junto e misturado.  2014 já está em 2013. É óbvio que uma pesquisa a um ano e sete meses de distância das eleições não significa muita coisa. Mas esta colocou Magno Malta na roda e mostrou que não adianta o governador desejar circunscrever uma eventual candidatura de Paulo Hartung apenas ao senado. Se quiser, Hartung tem “recall” para articular uma (mesmo improvável) candidatura ao governo. 
 
Faltou à pesquisa da Futura incluir outra cartela sem Ricardo Ferraço. Para onde iriam estes votos? Além disto, já que o Instituto inseriu Ricardo Ferraço, que não deverá ser candidato (na realidade de hoje), por que ele também não fez mais uma cartela com Paulo Hartung para governador? Enfim, o dado concreto e que conta nesta altura, que é a menção espontânea, mostra alto grau de indecisão, em torno de 50%, como era de se esperar...Mas a sucessão foi para a rua.
 
Neste momento, nas nuvens da política de que nos falava Magalhães Pinto, quem ficou “menor” foi o governador Renato Casagrande. Para sair do redemoinho, Casagrande precisa ampliar os seus espaços de articulação e diálogos, a fim de se movimentar no tabuleiro e ampliar a demarcação do seu (dele) território. Ele hoje se movimenta mais no espaço da política “strito senso”, isto é, no espaço partidário e no espaço das elites políticas locais/municipais. Soldou uma aliança ampla com isso. Mas agora é pouco para o que vem pela frente. Ele tem espaço reduzido e ainda compartilhado com o seu antecessor. É pouco.
 
Escolhas de Sophia. Para crescer nas batalhas nacionais da pauta federativa, Casagrande precisaria se ancorar mais na força nacional do PSB e do governador Eduardo Campos. E não apenas apostar na aliança com Sérgio Cabral e, em menor escala, com Geraldo Alckmin. Mas isto é faca de dois gumes e “sinuca de bico”. Para crescer mais regionalmente, ele teria que ampliar suas costuras e alianças com a sociedade civil e com setores do empresariado e da mídia regional. Mas isto também é faca de dois gumes e “sinuca de bico”. Muitos destes setores ainda se sentem “órfãos” do ex-governador Paulo Hartung. Mas se não ampliar os seus espaços de diálogos e articulação, o governador vai ficar pendurado apenas no poder da caneta do governador. E quando a tinta estiver perto de acabar?
 
É um redemoinho. Ou não é? Para completar, o governador montou uma equipe de governo sobre a qual, desde sempre, não tem direção política convergente e, portanto, sobre a qual não imprimiu a sua “marca” e as suas direções - vale dizer, as suas prioridades. Ele carrega, então, o peso do Calcanhar de Aquiles da herança de Paulo Hartung: os problemas da segurança, da saúde e da qualidade da educação. É por aí que pode crescer uma candidatura como a de Magno Malta, movimentando o xadrez político para a quebra da “unidade” e da “unanimidade”.
 
Em resumo, o momento não é bom para o governador Renato Casagrande. O seu governo está próximo de um “ponto de inflexão”...Ponto de inflexão é ponto de inflexão...Côncavo. Ou convexo. De volta a Maquiavel :suas circunstâncias mudaram,suas virtudes precisam entrar em nova sintonia.

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Terça, 07 Mai 2024

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