Sexta, 03 Mai 2024

Cerco aos censuradores

A edição do jornal O Globo desse domingo (27) deu um generoso espaço para tratar um tema que já deveria ter sido riscado da história recente deste País: a censura. Na reportagem de página inteira o jornal carioca aponta que os casos de censura continuam crescendo. Segundo balanço da Associação Nacional de Jornais (ANJ), nos últimos cinco anos foram registrados 57 casos de censura no País, 11 deles só no ano passado. 

 
A reportagem destaca o caso do jornal Século Diário, que foi obrigado a retirar do ar três notícias e dois editoriais que criticavam benesses concedidas ao promotor de Justiça Marcelo Zenkner, autor da ação. A reportagem também destaca que a censura imposta pela juíza Cláudia Rodrigues de Faria Soares, da 6ª Vara Cívil de Vitória, foi a terceira decisão imposta a Século Diário, que permanece sob censura. Antes disso, o jornal fora obrigado pela justiça a retirar do ar, em 2009, conteúdos sobre dois juízes, um filho e um sobrinho de ex-desembargador.
 
Embora os casos de censura continuem em ascensão no Brasil, as reações sistemáticas das empresas de comunicação, de setores da sociedade civil e de boa parte do próprio Judiciário sinalizam que o cerco aos censuradores está se fechando.
 
Sinal desse movimento anticensura partiu do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Brito. No final do ano passado, antes de se aposentar, Ayres Brito criou o Fórum do Poder Judiciário de Liberdade de Imprensa, que é ligado ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que também presidia. 
 
A iniciativa do ex-ministro do Supremo reforça o movimento dos organismos de imprensa e de empresas de comunicação que estão dispostas a dar um basta aos atos truculentos de censura. 
 
Como muito bem colocou o diretor-executivo da ANJ, Ricardo Pedreira, ao jornal carioca, “a censura judicial acontece em flagrante desrespeito à Constituição. Infelizmente é um fato que vem ocorrendo com uma frequência preocupante, em geral por parte de juízes de primeira instância”.
 
Na contramão da decisão do próprio STF, que em 2009 revogou a Lei de Imprensa, feita em 1967 nos porões da ditadura militar, os juízes de primeira instância, na sua maioria, como frisou Pedreira, continuam com os dois pés no século passado e seguem afrontando a Constituição sem se enrubescerem. 
 
Na mesma reportagem, o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e televisão (Abert), Daniel Slaviero, ratifica a opinião do colega da ANJ. Ele alerta que o número de decisões judiciais de primeira instância é crescente e traz prejuízos de toda ordem para as empresas de comunicação e, sobretudo, para a sociedade. “A maior prejudicada é a própria sociedade, que arca com o ônus de não ser informada”, alerta Slaviero. 
 
Na edição desse domingo (27), o jornal A Gazeta também trouxe uma completa reportagem sobre censura e registrou o caso sofrido pelo jornal Século Diário, em 2012. 

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