Sexta, 03 Mai 2024

Certeza de impunidade

A cada nova movimentação da Justiça para tentar levar a julgamento o prefeito reeleito de Conceição da Barra, Jorge Donati (PSDB), que é acusado de ser o mandante do crime que executou a sua mulher, Cláudia Soneghete, e a arrumadeira Mauricéia Rodrigues, em 2003, a defesa do prefeito recorre a uma manobra jurídica para manter Donati afastado do banco dos réus. 

 
O caso, que ficou conhecido como Crime da Ilha, voltou à tona esta semana para a Justiça avaliar o pedido de revisão das sentenças dos dois irmãos acusados de envolvimento no duplo assassinato. Aliás, os dois disseram textualmente, em maio deste ano, quando foram a júri popular, que o mandante era o prefeito. 
 
A revelação dos réus, mais que uma novidade, somente ratificou a suspeita que paira sobre Donati. Em 2008, após ser eleito prefeito de Conceição da Barra, a vitória nas urnas acabou tendo duplo sentido para Donati, pois, além do comando do município, o foro privilegiado empurrou o processo para a segunda instância. A reeleição conquistada nas urnas esse ano assegurou a manutenção do privilégio ao prefeito que, graças aos mandatos, protelou o julgamento. 
 
Há menos de um mês, em nova manobra jurídica, a defesa de Donati, para ganhar mais tempo, entrou com recurso especial no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Enquanto o recurso não for apreciado, não é possível definir uma data para o julgamento da ação.
 
Além das manobras protelatórias, já aconteceu quase de tudo com o processo. Em 2006, o julgamento de Donati chegou a ser marcado para o dia 27 de outubro daquele ano, mas, não se sabe exatamente por que acabou sendo cancelado. Ainda na série de acontecimentos misteriosos que envolvem o caso, o processo chegou a “sumir” do Tribunal de Justiça. Só depois de muita procura ele reapareceu e pôde, novamente, ser retomado.
 
Mas o mistério não cerca só o Crime da Ilha. O prefeito, que também é acusado de envolvimento na morte do sindicalista Edson José dos Santos Barcellos, em julho de 2010, surge como suspeito de outros crimes que se sucederam ao do sindicalista. Como a execução de Mateus Ribeiro dos Santos, o Mateusão, que era enteado do criminoso, também assassinado, que participou da execução de Barcellos, e que estava disposto a contar “tudo” à Justiça. 
 
Assim como o Crime da Ilha, a morte do sindicalista, que também aponta Donati como mandante, segue cercada de “enigmas”. Após a execução misteriosa de “Porquinho”, enteado de Mateusão, Diego Ribeiro Nascimento, que é acusado de ser o pistoleiro que assassinou o sindicalista, também desapareceu misteriosamente no início de outubro deste ano. 
 
Diego, que estava preso, queixou-se de dor na barriga e foi levado ao Hospital de Aracruz. No entanto, um vacilo do agente penitenciário que o escoltava, permitiu a fuga. Mais de um mês após o ocorrido, a polícia desconhece o paradeiro de Diego. 
 
Não será surpresa, considerando o histórico de mistério que envolve os crimes os quais Donati figura como suspeito, que o acusado seja encontrado morto ou simplesmente não apareça mais para contar a história, que insiste em ficar entrecortada. 

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