Convenceu?
As expectativas do mercado político em relação aos desdobramentos da Operação Derrama se voltam agora para o parecer do Ministério Público Estadual (MPES). Para alguns, a história de que Ferraço teria ido ao Palácio Anchieta acompanhado do conselheiro Sérgio Aboudib e do procurador-chefe do Ministério Público, Eder Pontes, espalhou como rastilho de pólvora, colocando uma interrogação sobre a manutenção do nome do presidente da Assembleia no relatório que sai na sexta-feira (25).
Mas boa parte das lideranças acredita que a coisa está feia para o lado de Ferraço. A história de que ele fora incluído como testemunha caiu por terra e a declaração do irmão da ex-prefeita Norma Ayub (DEM) o coloca no olho do furacão. Sua defesa intransigente do dono CMS, Claudio Salazar, destoa da declaração de que não conhecia a empresa.
O que se esperava de Ferração era um contra-ataque mais cirúrgico, com alguma contraprova, o que não apareceu. Assim, por mais que haja uma tentativa de dar ao caso um ar de perseguição política e jurídica, está difícil engolir essa história.
E levar o debate para o campo pessoal, tentando desqualificar as acusações de Yamato Ayub, deu um tom de desespero ao depoimento. Até porque o denunciante não é meramente o irmão de Norma Ayub, cunhado de Ferraço magoado com alguma situação pessoal, mas sim de uma pessoa que tem histórico de combate à corrupção em Itapemirim. Aí fica difícil encaixar o discurso.
As implicações contra Ferraço colocaram a Derrama em um outro patamar de discussão. Talvez por isso o tom das mensagens cifradas em notinhas direcionadas. Enquanto a Derrama atingia só a prefeitada, empresários e procuradores de município, tudo era festa. Mas a inclusão de Ferraço no processo, além de prejudicar um dos lados da mesa de negociação de 2014, atinge em cheio o Poder Legislativo.
Eder Pontes tem agora uma difícil escolha para fazer: ou alivia Ferraço e mantém a governabilidade política e arca com o ônus do desgaste moral para o Ministério Público ou implica Ferraço, com base na materialidade das provas e complica de vez o cenário político do Espírito Santo.
Fragmentos:
1 – O que será que está deixando os novos prefeitos de cabelo em pé: a falta de recursos financeiros ou os desdobramentos da Derrama? É uma situação complicada, porque muitos municípios em dificuldade financeira vão ter que pensar muito bem antes de buscar formas alternativas de recuperação de crédito.
2 – A bancada capixaba talvez não esteja dando o verdadeiro peso que a movimentação em torno dos repasses do Fundo de Participação dos Estados (FPE) merece. Mas o embate entre Congresso e Supremo Tribunal Federal está encrudelecendo e é bom ficar atendo.
3 – A inclusão do fator PIB, que está sendo considerada ajuda os estados do nordeste, mas seria um desastre para o Espírito Santo. O FPE é a segunda fonte de recursos federais para o Estado.
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