Terça, 30 Abril 2024

Crise existencial

Durante uma década, os deputados estaduais, tiveram um papel muito bem definido dentro do sistema hegemônico do ex-governador Paulo Hartung. Faziam emendas para suas bases, barganhavam cargos no Executivo e em troca faziam uma defesa inflamada da gestão do ex-governador. 

 
Quem não se ajustava a esse sistema e tivesse qualquer aresta sem ser aparada corria o risco de ser incluído em um escândalo, denunciado pelo Ministério Público, acatado pela justiça e "condenado" pela opinião pública. 
 
Com o fim do governo Paulo Hartung, a Assembleia parece viver uma crise existencial. Sem entender direito o poder que tem, o Legislativo segue errando desde o início dessa legislatura. Não consegue uma boa relação com a Casa Civil, e nem com os secretários de Estado, que não vêm distribuindo cargos a torto e a direito. 
 
O governador também não tem colocado os parlamentares embaixo do braço para inaugurar obras Estado adentro, nem enfraquecido o poder dos prefeitos que são adversários políticos dos parlamentares. A relação mudou, mas a Assembleia não. 
 
Se quisessem, os deputados poderiam simplesmente paralisar o Executivo. O Congresso Nacional faz isso com o governo federal quando quer e lá o número de parlamentares é bem maior. Há falta de unidade entre as bancadas, insatisfação entre os deputados com a Mesa Diretora e muitos interesses divergentes nas bases. Sem saber afinar o discurso, os deputados se restringem a repercutir matérias jornalísticas, prestar contas das ações das comissões que participam e, vez ou outra, atacar um vereador mais "insolente". 
 
Acabam cometendo erros estratégicos. O caso da crítica ao presidente da Câmara de Vitória, Fabrício Gandini (PPS), é um exemplo clássico. O vereador fez um ataque à Assembleia, que em vez de ignorar, simplesmente fortaleceu o palanque do vereador dando a ele uma visibilidade que não teria se os deputados simplesmente não entrassem no jogo. 
 
A impressão que se tem é que os deputados estão preocupados com os acontecimentos que se desencadearam desde o retorno do recesso parlamentar no início do ano. Isso pode ter um reflexo muito negativo para os deputados, principalmente para os que trocaram quatro anos de Câmara de Vereadores por dois na Assembleia para tentar se manter na Casa. Pelo andar da carruagem, a renovação deve ser grande no ano que vem. 

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