Segunda, 29 Abril 2024

Cronologia da decadência

 

Desde as prisões da Operação Derrama, iniciadas na última terça-feira (15), o presidente da Assembleia Legislativa, Theodorico Ferraço, vem sofrendo reveses sequenciais, um mais agudo que o outro. 
 
A prisão do ex-prefeito de Guarapari, Edson Magalhães, foi o primeiro golpe. Com Edson na cadeia, sucumbia o plano de Ferraço de eleger o candidato do grupo, Orly Gomes (DEM
 
Logo na sequência, na quinta-feira (17), o próprio Ferraço era surpreendido com a notícia de que seu nome fora incluído na lista dos investigados da Operação Derrama. Junto com ele, também passaria a ser investigado pelo Tribunal de Justiça do Estado o deputado e ex-prefeito de Linhares José Carlos Elias (PTB), o qual Ferraço vem defendendo com unhas e dentes nos últimos meses para mantê-lo na Assembleia.
 
Mesmo figurando entre os investigados, Ferraço, num primeiro momento, tentou transmitir à classe política que a situação estava sob controle e que nada afetaria o seu projeto de se reeleger presidente da Assembleia para o biênio 2013/2014 - com direito a notícia no jornal ratificando o apoio do governador Renato Casagrande à sua candidatura.
 
Em princípio, os deputados também preferiram ser cautelosos com as acusações, mantendo firme o apoio ao projeto de manutenção de Ferraço à frente da Casa. 
 
Menos de 24 horas depois, na sexta (19), Ferraço sofreria um novo golpe, esse muito mais dolorido: a decretação da prisão da sua mulher, a ex-prefeita de Itapemirim, Norma Ayub (DEM). Para piorar as coisas para o cachoeirense, o ex-secretário de Finanças de Itapemirim, Eder Botelho, também tivera a prisão decretada no mesmo dia por envolvimento no esquema de fraudes com a consultoria CMS. 
 
No domingo (20), nova bomba, que seria revelada pelos jornais na manhã desta segunda (21). A imprensa confirmava que Botelho atualmente exercia a função de diretor financeira da Assembleia. Seu padrinho político? Theodorico Ferraço. 
 
Apesar de o presidente da Assembleia ter conseguido em tempo recorde convencer Botelho a pedir exoneração e publicar o ato ainda nesta segunda (21), o envolvimento de um alto servidor da Casa no esquema incomodou os deputados, que passaram a reconsiderar a permanência de Ferraço no comando da legislativo, pois agora as denúncias começavam a manchar a Assembleia.
 
Imediatamente, as assessorias de alguns deputados reagiram “plantando” notas que especulavam nomes de outros parlamentares postulantes ao cargo que até então estava sacramentado para Ferraço.
 
No final da tarde desta segunda-feira (21), outra bomba. Essa com efeito devastador. A matéria publicada em destaque e em primeira mão por Século Diário revela o teor de uma denúncia do irmão de Norma, o advogado Yamato Ayub. 
 
O documento, de agosto de 2012, tinha o objetivo de alertar o interventor de Presidente Kennedy, promotor aposentado Lourival Lima do Nascimento, que havia um esquema ardiloso se infiltrando nas prefeituras que eram beneficiadas com participação nos royalties de petróleo. 
 
Para pôr o interventor a par do modus operandi da CMS Consultoria, o advogado ilustrou o esquema tomando a prefeitura de Itapemirim como exemplo cláassico. No texto, Yamato acaba dando todos os detalhes da operação engendrada por Ferraço e executada por sua própria irmã. 
 
As informações apontam Ferraço como grande articulador do esquema com a CMS. O advogado também deixa claro que os contratos são ilegais e feitos sem licitação. Indignado com o esquema armado pelo cunhado, Yamato desabafa que se trata de “uma ação ardilosa e criminosa, típica de quadrilha”.
 
O documento do advogado revela outra denúncia grave. Ele chama a atenção para o fato de o caso ter sido levado à Promotoria de Itapemirim, que teria engavetado a denúncia. Palavras do advogado: “[a CMS] é alvo de denúncia adormecida em berço esplêndido na Promotoria de Itapemirim (...)”. 
 
As denúncias do irmão de Norma, inapeláveis, sepultam de vez as pretensões de Ferraço de seguir à frente da Assembleia Legislativa nos próximos dois anos. 
 
A cronologia da decadência torna a situação de Ferraço insustentável. Resta ao deputado, agora, apenas negociar as condições de sua queda. 

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