Sexta, 26 Abril 2024

Dar tempo ao tempo

Olho o calendário inútil na parede - quem precisa de calendário para ficar em casa? – e levo um susto: exatamente nesse trinta-e-um do sete, o ano de 2020 chegou ao meio. Meio, metade, irmãos gêmeos eternamente atados - um não existe sem o outro. Lembro com saudade das festas de adeus a 2019, cheias de boas intenções para um ano melhor. Esse triste 2020 ficará registrado como um dos piores anos que a humanidade já enfrentou.

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Julho só foi bom para o Bezos, mas o que se poderia esperar de um mês que ganhou o nome, portanto homenageia, um sujeito que morreu assassinado, traído por seus próprios pares? Abre alas para agosto, que também homenageia um imperador romano, mas pelo menos esse teve morte natural… embora digam as más línguas que a esposa Lívia tinha o mau hábito de pôr umas gotinhas de veneno no molho de pombo ao vinho.

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Esses dois imperadores ficaram eternamente inseridos na modernidade: entra ano, sai ano, Augustus sucede Julius. Embora o primeiro tenha se dedicado a vingar a morte do pai adotivo, faltou-lhe com o respeito exigindo que o mês com seu nome tivesse o mesmo número de dias que o de Júlio César. Essa tola vaidade quebrou a sequência e complicou a vida dos estudantes de primeiro grau. Por que agosto não tem 30 dias, fessora? Pra te dar mais tempo de aprender a tabuada, menino.

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Em tempos de pandemia, as respostas corretas seriam: dar mais tempo aos cientistas para achar um remédio e/ou uma vacina; dar tempo aos santos para operar um milagre; dar tempo ao tempo para aprendermos algumas lições de humildade e fraternidade. Fico na janela vigiando o mundo: três pessoas usando máscaras passam para lá, seis pessoas sem máscaras passam para cá.

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Não nos bastasse o vírus, outro inimigo ronda os ares: Isaías chega rosnando com fúria. Protestei, mas ninguém me ouviu: Isaías, que foi um grande profeta, não merecia dar nome a um furacão. Por mim fico feliz, pois já houve um furacão chamado Wanda no passado e foi bonzinho, não deixou o meu nome na lista dos tenebrosos inimigos da humanidade. Isso de dar nome de pessoas honestas a catástrofes me parece de muito mau gosto. 

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Feios feitos: o furacão que percorreu a maior distância: Faith, 11 mil quilômetros (1966); o furacão de maior diâmetro: Olga, 1.590 quilômetros (1961); o que durou mais tempo: Ginger, 27 dias (1971). Os que deram mais prejuízos: Katrina (2005) e Harvey (2017) - $125 bilhões cada um.

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