Domingo, 28 Abril 2024

Datas comemorativas

 

A sociedade capitalista estimula e privilegia o consumo e atinge essa missão até nos momentos de celebração da vida e de confraternização. Quando nasce um novo ser é instituído como prática presentear. Em momentos como o casamento, há que se “contribuir” para a montagem da nova casa e da nova vida, também presenteando. Quando celebram as “primaveras”, temos que presentear. Não sendo suficiente para garantir a movimentação do comércio e, consequentemente da economia; ao longo do tempo, foram sendo instituídas novas datas comemorativas, porque à medida que uma nascia outra parecia excluída. Dia das mães, dia dos pais, dia das crianças, dia das avós, além das datas em homenagem aos profissionais.
 
Além de aceitarmos passivamente este calendário de consumo, ainda estabelecemos que quanto mais caro, melhor e mais “valioso” o presente. O comércio estabeleceu o calendário e enfeita suas vitrines para “seduzirem” os consumidores nas datas comemorativas, e nós assimilamos psicologicamente essa prática, entendendo que presentear é a melhor forma de demonstrar o amor, o carinho e também de comprar a atenção ou a presença daqueles que são importantes para nós.
 
Ser lembrado ou ser homenageado é muito bom e almejado por todos, mas não envolve obrigatoriamente valor, preço, custo. Existem várias formas de manifestarmos nossa admiração, gratidão, amor e respeito ao outro. Racionalmente, valem mais as palavras e os gestos, do que os presentes.
 
É a hora do bom senso e de usarmos uma das principais moedas para a saúde financeira: a criatividade.
 
Devemos comprar o que e quando for necessário, e não porque foi estabelecido que naquele dia devêssemos presentear seja a mãe, o pai, os professores ou os outros homenageados do dia a dia.
 
Ao contrário do que talvez estejam pensando, não discordo da importância da homenagem, mas sim da obrigatoriedade de ser representada pelo presente comprado, porque muitas vezes, não há condição financeira, gerando constrangimento e mesmo a ausência em datas comemorativas, pelo fato de não ter como comprar o presente ou a roupa, acaba não indo ao evento, deixando com isso de marcar sua presença. O que é mais importante do que qualquer presente.
 
Não posso deixar de me reportar àqueles que adoram presentear. Avaliem a motivação para esse comportamento. Muitos extrapolam o orçamento para mostrar o amor, outros para serem lembrados, mas há também os que presenteiam para serem amados.
 
Efetivamente não há custo para ter o amor, a atenção do outro, para ser admirado, respeitado. Existem sim posturas, atitudes para com os outros, que concretizam isso.
 
Respeitando a sua “incapacidade temporária” de presentear, vale preparar um prato que o outro adora, reunir a família em sua casa para um “junta pratos”, levar o filho para um passeio no parque, ir a locais e eventos gratuitos, dar um pertence seu.
 
O desejo de expressar o sentimento é soberano, não devendo estar vinculado ao ato de presentear, ao valor ou a marca deste presente, nem às datas fixas, porque afinal, surpreender o outro é a melhor forma de presenteá-lo.
 
Qual é a verdadeira essência? Pense nisso.

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Segunda, 29 Abril 2024

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