Sexta, 19 Abril 2024

De olho no próprio umbigo

 

A entrevista do arquiteto e urbanista Fernando Betarello ao jornal Século Diário, publicada neste fim de semana, entre outras análises interessantes, propõe que os problemas de mobilidade urbana Grande Vitória sejam discutidos conjuntamente pelos prefeitos dos municípios que integram a região metropolitana de Vitória. 
 
Betarello admitiu que o Condevit - conselho que reúne o governo e os prefeitos da GV - é uma iniciativa importante, mas muito tímida para dar conta da complexidade do problema. Ele sugere que o governo crie urgentemente uma secretaria estadual para assuntos metropolitanos, para dar uma resposta mais técnica às questões de mobilidade urbana que afetam hoje a região metropolitana.  
 
Proposta, registre-se, muito plausível. Porque a tendência é que cada governante cometa o erro de pensar e agir localmente. É verdade que os candidatos que se elegeram prefeitos, e mesmo os que perderam e eleição, prometeram buscar soluções consorciadas para resolver os problemas de mobilidade da GV. 
 
Vamos torcer para que essas promessas não fiquem esquecidas nos discursos de campanha e sejam de fato implementadas. Porque, há quatro anos, os atuais prefeitos também disseram que pensariam em soluções conjuntas para a GV e depois acabaram "se esquecendo" de cumprir as promessas. 
 
Basta olhar para esse discussão atual que envolve a expansão do Shopping Vitória. Se a promessa de pensar os problemas e soluções fosse conjunta, a prefeitura de Vitória teria convocada para a audiência pública os prefeitos da GV. Afinal, um projeto dessa magnitude vai impactar, de alguma maneira, não só a região do entorno do Shopping. Ou alguém tem dúvida que o fluxo na Terceira Ponte não será afetado com a obra? 
 
E isso não é exclusividade de Vitória. Se amanhã o prefeito de Serra, por exemplo, atrair um grande investimento para o município, de certo, também não se preocupará em discutir os impactos do novo empreendimento com os vizinhos. É cada um por si. 
 
E não é só a questão da mobilidade urbana que deveria passar pela reflexão coletiva. Como bem apontou o urbanista na entrevista, muitos problemas sociais seriam enfrentados com mais eficácia se os prefeitos trabalhassem em parceria. 
 
Betarello faz esse exercício com a questão da violência, um dos temas mais abordados pelos prefeitos eleitos durante a campanha. O urbanista alerta que a cidades crescem sem a estrutura. Essa ocupação desordenada se reflete, mais tarde, em uma série de problema sociais. O aumento dos casos de homicídios, por exemplo, é apenas um deles. "Os prefeitos vão ter desafios na área da violência urbana, por causa do aumento populacional, da falta de infraestrutura, de emprego. Tudo isso gera uma violência urbana cada vez maior", adverte Betarello. 
 
O alerta está dado. Resta saber se os novos prefeitos vão cumprir suas promessas de campanha e enfrentar esses desafios conjuntamente ou se vão continuar cada um olhando para o seu próprio umbigo. 

Veja mais notícias sobre Colunas.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Sexta, 19 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/