Segunda, 06 Mai 2024

De onde veio essa cor?

 

Como no caso do ovo e da galinha, ainda não sabemos o que veio primeiro, as tintas ou as roupas que elas tingem, dando-lhes cores cada vez mais sofisticadas. Muito antes de chegar nas lojas o novo biquini do próximo verão, a indústria da moda já se mobilizou para definir qual cor você vai querer usar. E para 2014 já não há dúvidas, a cor da moda será o Azul Enluarado.
 
 
Nada é simples numa indústria que fatura bilhões. É preciso preparar a máquina da moda para as mudanças que a mantêm funcionando, e teremos tecidos, linhas, aviamentos e botões, bijuterias, sapatos e bolsas, complementos e acompanhamentos no novo tom de azul, ou combinando com ele. Numa reação em cadeia, a nova cor vai invadir as lojas e nossas vidas em objetos para o lar, o escritório, o sporte, o lazer, e até o que vamos comer.
 
 
As opções não têm fim, ou melhor, o fim está próximo, pois mal nasce a moda já morreu, e os deuses que a manipulam já estão cuidando da cor do próximo inverno, quando o azul enluarado estará tão obsoleto como cinza chumbo. Mas de onde veio esse novo azul que vai colorir o verão de 2014? Ora, as cores, não importa em que tom, vêm de pigmentos, e todas elas já existem na natureza, dirão os apressados. Mas alguém teve que criar a nuance e inventar o óbvio.
 
 
 
Por muito tempo as tintas eram tiradas de plantas, pedras e até animais. Obter a tintura perfeita era um ofício complicado, trabalho de homens com anos de aprendizado, com  noções rudimentares de biologia e química para entender as propriedades dos materiais usados. Foi essa busca por novas cores que deu início à colonização do  nosso solo, onde abundava o pau-brasil. A cor vermelha era difícil de obter naqueles idos, exclusiva das cabeças reinantes.
 
 
A planta mais antiga que se conhece para tingir tecidos é o índigo, e seu manuseio exigia profundos conhecimentos desse sofisticado processo. Lá pela metade do século dezoito os alemães começaram a criar o índigo em laboratórios, e logo dominaram o mercado das tintas,  levando as pesquisas químicas para outras áreas, como fotografia, farmácia, explosivos e a borracha sintética. Adeus, Manaus.
 
 
As duas guerras mundiais (ou uma em dois capítulos) derrubou o  império alemão, e os  americanos (leia-se Dupon) aproveitaram a brecha para invadir o mercado químico de tintas, apoderando-se das patentes alemãs como espólio de guerra. Hoje a variação de cores é infinita, e afeta todos os setores da economia. A moda soube se beneficiar desse filão inesgotável, bem como de nossa inesgotável vaidade.
 
 
Num feito colateral, levas de novas modelos também disputam a chance de ganhar espaço nas passarelas e aposentar as já consagradas. Uma dessas candidatas à fama tem uns olhos azuis incríveis, e Bertan Dupritz, criador de cores  numa grande empresa química, se apaixonou. Muitas noites indormidas depois, Bertan consegue reproduzir sua cor, oscilante entre o azul rapsódia e o castanho glorioso... Ou talvez o lilás  real e o verde infinito...  E voilà, nascem juntas a cor e a musa do próximo verão.

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