quarta-feira, julho 30, 2025
20.9 C
Vitória
quarta-feira, julho 30, 2025
quarta-feira, julho 30, 2025

Leia Também:

De portas abertas

A manifestação da última segunda-feira (17), que levou mais de 20 mil às ruas de Vitória, deixou desnorteados o governador, representantes das instituições e a classe política de maneira geral. 
 
Ao anunciarem um novo protesto para está quinta-feira (20), que promete levar uma massa humana ainda maior para as ruas, os manifestantes deixaram muita gente apreensiva. De cabelo em pé mesmo.
 
Durante as últimas horas, corria nas redes sociais uma espécie de enquete para decidir qual seria o destino da nova manifestação. Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça do Estado e a residência oficial do governador – alvo do último protesto – eram os locais cogitados pelo núcleo organizador do protesto. 
 
Os manifestantes acabaram escolhendo o Tribunal. A reação do presidente da Corte estadual, no entanto, foi serena. Enquanto governador, secretários de Estado e políticos em geral seguem falando bobagem na esteira da repercussão dos protestos, o presidente do Tribunal deu um baile em todos eles, que tiveram a oportunidade de falar primeiro, mas erraram a mão. Muito provavelmente porque não sabem lidar com o fenômeno. 
 
O governador Renato Casagrande foi um dos que deram bola fora. Ao repercutir o frenesi das ruas, o socialista fez questão de salientar que seu governo é democrático. Em seguida, se colocou à disposição para diálogo, caso os líderes do movimento fossem identificados é uma pauta sistematizada. Em outras palavras, o recado pode ser interpretado mais ou menos assim: “Se vocês conseguirem se organizar e construir uma pauta [o que eu acho difícil], estarei aqui no conforto do Palácio sentadinho esperando”. 
 
O presidente Pedro Valls foi muito mais perspicaz. Primeiro, destacou que o direito de se manifestar é legítimo e está em sintonia com as diretrizes do TJ. Em seguida, ressaltou que a obrigação da Justiça é se aproximar do povão. 
 
Por meio de nota, ele avisou que as portas da Justiça estarão abertas para os manifestantes. Nessa hábil manobra, Pedro Valls evitou todo o desgaste que poderia decorrer de uma ação truculenta e desastrada da polícia para tentar impedir que os manifestantes se aproximassem do Tribunal. 
 
Com o recado dado, cabe apenas aos manifestantes organizarem uma comissão para sentar com o presidente do Tribunal e abrir uma pauta de negociação em torno dos assuntos do Judiciário. 
 
Claro que não podemos antecipar o que acontecerá exatamente na hora “H”. Mas, por enquanto, podemos arriscar dizer que o presidente do TJ acertou. Mostrou que conhece as regras da democracia e está preparado para jogar, coisa que muita gente não sabe ou já se esqueceu. 

Mais Lidas