Quinta, 25 Abril 2024

Democracia plena?

Há pouco menos de duas décadas - depois de muita luta, que deixou muitas vítimas pelo caminho –, o Brasil orgulhava-se por ter conquistado, enfim, a abertura democrática. Com ela, a classe política conseguiu escrever a Carta Magna do País e política deixou de ser um jogo de cartas marcadas, com o surgimento do pluripartidarismo. Mas, será que a tão festejada participação popular, através do sufrágio universal, realmente se concretiza nos dias atuais?

 
Nacionalmente, a política gira em torno de dois polos muito bem definidos. De um lado está o PT, que se instalou no governo na última década com uma política assistencialista, que conta com a aprovação popular e conquistou o poder deixando de lado muito de seus ideais e adotando uma política de coalizão nem sempre bem digerida por aqueles que fundaram o partido. 
 
Do outro lado está o PSDB, com poucos aliados, que vive em uma interminável e pouco produtiva política saudosista dos oito anos em que os tucanos estiveram à frente do País. Enquanto tentam minar, sem sucesso por enquanto, o prestígio do PT, juntam forças para tentar retomar o poder. Mas com pouca empatia e um ranço elitista evidente, vai ficar difícil.
 
Não há que se falar em direita ou esquerda, afinal, a dinâmica que move as siglas não é mais essa dialética e sim a batalha pela permanência no poder. Orbitando em torno dessas duas forças estão os demais 28 partidos em atividade no País.
 
Se nacionalmente, a política está dividida entre a dicotomia PT-PSDB, no Espírito Santo é a política personalista que vale. As lideranças políticas agrupam em torno de seus projetos todos os partidos e demais lideranças em um projeto uníssono. Há muito não se ouve a palavra oposição.
 
É verdade que a chegada de Renato Casagrande ao governo mudou um pouco essa dinâmica. Com uma postura mais flexível ao diálogo, ele conseguiu estabelecer uma convivência com a classe política que ainda tenta buscar acomodamento em uma espécie de abertura democrática vivida no pós-Hartung.
 
Este, por sua vez, tenta restabelecer seu domínio na classe política, mas sem os mecanismos que tinha a seu favor quando era governador do Estado, tem dificuldades em retomar esse controle. 
 
Assistindo quase que passivamente a todas essas movimentações está o eleitor, com o voto na mão esperando pelo direito de escolher os candidatos que considere mais adequados aos seus anseios. Mas entra na fila, há uma pré-seleção dos candidatos que vão atender aos interesses do grupo no poder ou que quer dominar o poder. Com tanta energia gasta em articulações e propostas para o eleitor analisar, que paga os custos dessa guerra pelo poder é o povo. O capixaba ainda espera sua vez de finalmente poder dizer que vive em uma democracia.

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