Demonstração de força
Ao lado do PMDB, a bancada do PT é a maior da Assembleia, com cinco deputados estaduais. Se somada ao PMDB e ao PSB, que formam a trinca de partidos que apoiaram a candidatura de Renato Casagrande em 2010, têm 11 deputados, mais de um terço do plenário. O grupo poderia ser muito forte na Casa, mas devido ao enfraquecimento dos partidos no Estado, não é.
Nessa questão do pedágio, o PT deu uma demonstração de força muito grande. Foi o apoio do partido ao projeto de Euclério Sampaio (PDT) que mudou tudo. Se não tivesse havido o apoio do PT, o projeto teria o mesmo destino que outras matérias apresentadas por Euclério ou por aqueles mesmos deputados que vêm destoando do discurso unanime da Assembleia.
Tanto, que o desfecho foi completamente diferente. Foi preciso uma manobra de esvaziamento e pressão na Casa para não votar o projeto. A experiência deixa um gosto amargo do que poderia ter sido a bancada do PT na Assembleia caso tivesse tomado essa atitude há muito tempo. A posição dos deputados criou uma situação complicada para a própria Executiva, que não concordou com o apoio ao projeto e sofreu crítica da juventude.
Enquanto isso, percebemos o que a falta de unidade dentro de um partido pode criar. Tem deputado do PMDB apoiando o projeto de Euclério. Tem deputado que é contra. Não se fechou uma posição partidária sobre o assunto.
E não é só porque o partido tem cinco deputados que desequilibra, não. O PDT, de Euclério Sampaio, tem ele e mais três parlamentares. Mas os integrantes do partido definitivamente não falam a mesma língua. Se atuassem em bancada poderiam também trazer um peso político muito grande para as discussões que se dão na Assembleia. O PR tem três parlamentares – embora José Esmeraldo esteja de saída –, o DEM tem três deputados também e já teve cinco. O problema é que essas lideranças têm visões muito diferentes do que é a agremiação partidária.
Em tempos de cobrança da sociedade de mais representatividade e seriedade da classe política, a experiência do PT na questão do pedágio mostra como a identificação partidária é importante para a democracia. Evidentemente que o grupo teve suas razões para tomar essa atitude, que talvez não tenha nada a ver com a ideologia, mas fica a impressão de que o peso partidário ainda é importante para o jogo democrático.
Infelizmente, a política de unanimidade que se colocou no Estado desde o início da década de 2000 enfraqueceu e apagou o papel dos partidos políticos no Estado em torno de uma política fisiologista e personalista. Mas como quase tudo na vida isso não dura para sempre e a unanimidade começa a ruir, pelo jeito algumas lideranças já entenderam isso e outras continuam agarradas a um sistema político que já não cabe mais à política capixaba.
Fragmentos:
1 – O convite do vereador Davi Esmael (PSB) para um culto na Prefeitura de Vitória está dando o que falar nas redes sociais. Na época do pai dele na Câmara de Vitória, Esmael Almeida (PMDB), os cultos eram tidos como normais no legislativo.
2 – As associações de moradores de Jardim da Penha e de Jardim Camburi são foco de atenção dos vereadores de Vitória, principalmente aqueles que sonham com uma cadeira na Assembleia no próximo ano.
3 – E com os deputados estaduais em baixa devido ao imbróglio com os estudantes, fica mais fácil para os pretendentes a uma das 27 vagas no ano que vem.
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