Quinta, 25 Abril 2024

​Direito ao sossego em home office

De acordo com o Art. 42, do Decreto Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941: "Perturbar alguém o trabalho ou o sossego alheios: I – com gritaria ou algazarra; II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo com as prescrições legais; II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo com as prescrições legais; III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos; IV – provocando ou não procurando impedir barulho produzido por animal de que tem a guarda: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis."

Na atual conjuntura da sociedade, onde o recomendado é permanecer em casa por conta da Covid-19, o modelo home office, juntamente ao EAD (ensino a distância) tomou conta da realidade de grande parte dos brasileiros. Com isso, conflitos entre vizinhos tornaram-se ainda mais comuns e recorrentes, com os mais variados motivos.

Nesse sentido, no último dia 29, o juiz Vinícius Nocetti Caparelli, do Juizado Especial Cível e Criminal de Birigui/SP, condenou um homem a se abster de reproduzir som em volume alto de segunda a sexta-feira, das 12h10 às 20h22, e das 22 às 7h em todos os dias, enquanto a autora da ação estiver em home office e com aulas online.

De acordo com os autos, devido à pandemia, a autora tem trabalhado em casa e, portanto, precisa de silêncio para realizar suas atividades, todavia, o vizinho da autora da ação, segundo se depreende dos autos, fazia muito barulho em diversos períodos ao longo do dia e da noite, violando, inclusive, a lei do silêncio, o que atrapalhava, além do seu trabalho, o descanso.

Exsurgiu do comando jurisdicional da Comarca de Birigui/SP que a realidade dos dias de hoje, isto é, a pandemia e o decorrente isolamento social, demandam adequação não só daqueles que trabalham e estudam, mas também de familiares e vizinhos, que precisam, mais do que nunca, ser sensíveis às necessidades do próximo.

Foge do razoável dizer que condutas como volume de som alto em horário comercial, assim como brincadeiras de crianças que causam barulho excessivo, não resultam em transtornos para quem está trabalhando, sobretudo para o profissional que necessita de raciocínio para desenvolver o seu mister. Aliás, mais que isso, tais condutas ultrapassam limites de mero incômodo ou aborrecimento, com privação do bem-estar.

Há um mito enraizado na sociedade, de que se permite todo e qualquer barulho, sem limite de ruídos, das 9h às 22h para quem reside em casa, e das 9h às 18h para quem reside em apartamento. Em qualquer horário que se faça barulho excessivo, perturbando o vizinho, é considerado contravenção penal, e o responsável pelo ato, poderá sofrer as consequências.

Muitas pessoas trabalham em casa com home office, principalmente na quarentena, muitos professores dão aulas, muitos advogados fazem petições, muitos publicitários criam seus conteúdos, muitos alunos estudam, enfim, o lar é (ou deveria ser) um local de sossego e descanso.

Rodrigo Carlos de Souza, sócio e fundador de Carlos de Souza Advogados, Secretário-geral adjunto e corregedor-geral da OAB/ES, vice-presidente da Comissão Nacional de Compliance Eleitoral e Partidário da OAB e diretor do Cesa – Centro de Estudos das Sociedades de Advogados (Seccional Espírito Santo).

Letícia Stein Carlos de Souza, acadêmica e estagiária de Direito.

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Comentários: 3

Fabio Amorim em Quarta, 04 Agosto 2021 15:57

boa tarde,

Estou passando pelos mesmos problemas, onde meu vizinho sem noção coloca rádio no último volume e promove festas em horário que estou trabalhando. Está muito difícil. Gostaria de saber como faço pra entrar com ação, que tipo de ação deve ser movida, e qual advogado posso procurar?

Muito obrigado
Fabio Amorim

boa tarde, Estou passando pelos mesmos problemas, onde meu vizinho sem noção coloca rádio no último volume e promove festas em horário que estou trabalhando. Está muito difícil. Gostaria de saber como faço pra entrar com ação, que tipo de ação deve ser movida, e qual advogado posso procurar? Muito obrigado Fabio Amorim
Almeri da Cruz silva em Quarta, 01 Setembro 2021 20:47

Me chamo Almeri da Cruz Silva, tenho 66 anos e ainda trabalho e venho tendo serios problemas com vizinhas do apto acima do meu ha 6 anos e durante a pandemia nao consigo trabalhar home office. Eu.ensino alguns idiomas e os alunos houvem barlho do outro lado do Skype, mesmo com fones de ouvido. Reclamei para o sindico professional e ele disse para Eu procurar meus direitos, porque o barulho nao e frequente. Eu nunca vi tamanho descaso para com o complimento da convencao .

Me chamo Almeri da Cruz Silva, tenho 66 anos e ainda trabalho e venho tendo serios problemas com vizinhas do apto acima do meu ha 6 anos e durante a pandemia nao consigo trabalhar home office. Eu.ensino alguns idiomas e os alunos houvem barlho do outro lado do Skype, mesmo com fones de ouvido. Reclamei para o sindico professional e ele disse para Eu procurar meus direitos, porque o barulho nao e frequente. Eu nunca vi tamanho descaso para com o complimento da convencao .
MARIA DA PENHA PALERRMO em Sexta, 02 Dezembro 2022 10:09

Bom dia.
Sou moradora a 60 anos, e desde 2015 com a invasão de um terreno do lado da minha casa, já fizeram de tudo, como salão de festa, distribuidora de bebidas..., com a pandemia ficou fechada, agora colocaram uma piscina enorme e transformaram em piscina bar e justamente inaugurou no dia do jogo.
Eu trabalho para uma empresa terceirizada de segunda a sexta de 08 às 18 hs e meu irmão também desde a época da pandemia. Além deles não terem nada regularizado ainda colocam o som alto, pedi para baixa e expliquei o motivo e falei que antes de abrirem na época da obra que trabalhava em casa e que aqui e uma área residencial. Hoje eu trabalhando e estava em reunião porque o dia todo me chamam em áudio no Teams pedi que abaixa se o som porque não conseguia ouvir nada, a resposta o que ele estava trabalhando, fale com o que? não tinha ninguém no estabelecimento, ele falou que o som alto e para chamar freguês, falei que não precisa desligar, mas que de para ele e a pessoas ouvirem se fosse no horário do jogo tudo bem, mesmo trabalhando teria que respeitar aas pessoas comemorando, mas não é o caso. O vizinho do outro ado além de ser acamado e idoso, e ainda tem a vizinha em frente que dá aula particular, fora as músicas com palavrões e funk pesados. Não é um clube ,boate ou algo parecido e um galpão que transformaram em bar com piscina em uma área residencial que inclusive pode tirar o sossego de todos ate com asalto ,já que é perto de área de comunidade.
Como devo proceder?

Bom dia. Sou moradora a 60 anos, e desde 2015 com a invasão de um terreno do lado da minha casa, já fizeram de tudo, como salão de festa, distribuidora de bebidas..., com a pandemia ficou fechada, agora colocaram uma piscina enorme e transformaram em piscina bar e justamente inaugurou no dia do jogo. Eu trabalho para uma empresa terceirizada de segunda a sexta de 08 às 18 hs e meu irmão também desde a época da pandemia. Além deles não terem nada regularizado ainda colocam o som alto, pedi para baixa e expliquei o motivo e falei que antes de abrirem na época da obra que trabalhava em casa e que aqui e uma área residencial. Hoje eu trabalhando e estava em reunião porque o dia todo me chamam em áudio no Teams pedi que abaixa se o som porque não conseguia ouvir nada, a resposta o que ele estava trabalhando, fale com o que? não tinha ninguém no estabelecimento, ele falou que o som alto e para chamar freguês, falei que não precisa desligar, mas que de para ele e a pessoas ouvirem se fosse no horário do jogo tudo bem, mesmo trabalhando teria que respeitar aas pessoas comemorando, mas não é o caso. O vizinho do outro ado além de ser acamado e idoso, e ainda tem a vizinha em frente que dá aula particular, fora as músicas com palavrões e funk pesados. Não é um clube ,boate ou algo parecido e um galpão que transformaram em bar com piscina em uma área residencial que inclusive pode tirar o sossego de todos ate com asalto ,já que é perto de área de comunidade. Como devo proceder?
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