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Dúvida pertinaz

De dois em dois anos, as pesquisas eleitorais voltam à cena e, com elas, um rosário de dúvidas e questionamentos que deixam não apenas uma pulga, mas um enxame todo atrás das orelhas daqueles que não engolem gráficos coloridos e percentuais eloquentes que indicam o candidato A xis pontos na frente do B. 
 
No Estado, o principal instituto de pesquisa, o Futura, ligado ao jornal A Gazeta, eleição após eleição, tem seus números contestados. Não foi uma nem duas vezes que o Futura “escorregou” nas suas projeções, isto é, as pesquisas não corresponderam à realidade das urnas. 
 
Ante a frivolidade dos números pesquisados e o resultado escrutinado nas urnas fica a desconfiança do eleitor, que acaba se dissipando com o término das eleições. Em dois anos, as suspeitas do eleitor já evaporaram e os pesquisadores se sentem confortáveis novamente para fazerem suas projeções. 
 
No caso do Futura, após dar suas bolas fora, se apressa para mostrar que a discrepância entre os resultados se explica por algum “fenômeno de última hora” ou outras evasivas do gênero que o valham. Fica tudo no campo do subjetivismo. É quem estará disposto a tirar a prova dos noves?
 
Bem à vontade, este ano o Futura decidiu inovar logo nas primeiras sondagens. Com a justificativa de que estava aproveitando o levantamento que avaliou o desempenho dos prefeitos da Grande Vitória (Capital, Vila Velha, Serra e Cariacica), o instituto “embutiu” as intenções de voto para governador e senador nas pesquisas de avaliação de gestão. 
 
Chamou a intenção dos observadores políticos o instituto iniciar as sondagens eleitorais de trás pra frente, ou seja, fazendo as primeiras sondagens nos municípios em vez de avaliar o cenário em todo o Estado.
 
Numa rápida espiadela no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde estão registradas as pesquisas deste ano, os levantamentos feitos Brasil afora, até então para avaliar a intenção de votos para governador e senador, invariavelmente, foram de abrangência estadual. 
 
Na contramão, os dados divulgados em A Gazeta durante quatro semanas seguidas apuraram a intenção de voto nos quatro principais municípios do Estado, recorte que beneficiou flagrantemente o ex-governador Paulo Hartung (PMDB). Não por acaso, o levantamento foi invertido justamente no momento em que o governador Renato Casagrande (PSB) gozava de maior popularidade junto aos municípios do interior.
 
Somente neste domingo (4), o Futura divulgou o primeiro levantamento estadual para governador e senador. Mas Inês já estava mais que morta. As pesquisas “prévias” já haviam cumprido o papel de fixar o favoritismo de Hartung. A estratégia, sem dúvida, teve efeito sobre a sondagem estadual. 
 
Não restam dúvidas de que as pesquisas têm um forte poder de persuasão sobre o eleitorado, que, no final das contas, tende a votar naquele que está “ganhando”. 
 
Também não é novidade para ninguém que o candidato que jura de pés juntos que não se abala com os resultados das pesquisas, mente. Eles temem as pesquisas como o Diabo a cruz. 
 
Percebam nenhum candidato teve peito para questionar os resultados ou a metodologia utilizada pelo Instituto Futura. Mesmo quem ficou no rodapé da pesquisa recebeu os números com regozijo, torcendo para que na próxima sondagem os pesquisadores tratem seus resultados com mais benevolência. Não duvidem. Isso é possível.

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