E continua o xadrez político...
O governador Renato Casagrande (PSB) defende o equilíbrio das lideranças e a manutenção da unidade política. O ex-governador Paulo Hartung (PMDB) diz que está disposto a disputar “algum cargo” em 2014 e que no processo do debate político “nada é automático”. E o senador Magno Malta (PR) toma a iniciativa de declarar que será candidato em 2014 ou à presidência da República ou à governadoria do Espírito Santo. Traduzindo o jogo de espelhos, os códigos Morse, as mensagens criptografadas e a arte de esconder os pensamentos: todos os três podem ser, sim, candidatos à governadoria do Espírito Santo. Inclusive todos ao mesmo tempo.
Este é jogo que está sendo jogado no momento, com a sucessão capixaba antecipadamente deflagrada, a exemplo da sucessão presidencial. Em torno destas três lideranças, as outras lideranças políticas também já se movimentam. Os que têm mais coragem política, como os prefeitos Audifax Barcelos (PSB) e Luciano Rezende (MD), já se posicionaram no “grid” de largada. Ambos declararam apoio prévio ao governador Casagrande. O senador Ricardo Ferraço (PMDB) indica que não será ele o candidato do PMDB e se posiciona ao lado do ex-governador Paulo Haurtung. O deputado federal Lelo Coimbra, presidente estadual do PMDB, defende, sem conter muita dose de contorcionismo verbal, a parceria com Casagrande e a candidatura de Hartung para o Senado, distanciando a aliança regional dos conflitos nacionais – como se isto venha a ser possível caso Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB) venham a ser candidatos à presidência da República. Sérgio Vidigal (PDT) aponta para uma hipótese de apoiar Magno Malta.
Outras lideranças ainda vão esperar a banda passar mais um pouco. As do PR anunciam debandada organizada. Outras migram para o MD. E assim por diante. É o xadrez em movimento. O que também permite dizer que o fato é que dificilmente a chamada unidade, ou unanimidade política, deverá prevalecer em 2014 no Espírito Santo.
Enquanto isto, o governador vai continuar dizendo que precisa cuidar da gestão e que o equilíbrio e a unidade precisam ser preservados. Mas já deu, e vai continuar dando, “ordem de combate” ao seu PSB, que declara que a sua prioridade é a reeleição do governador e vai avançando sua tropa em territórios alheios. Ao mesmo tempo, o ex-governador Paulo Hartung vai também praticar contorcionismo verbal (“nada é automático”) e cultivar com a maestria política de sempre as expectativas de poder. Silencia sobre a sua opção e, “finge” que já topou ser candidato a senador, mas deixa aberta a hipótese de ser candidato a governador. E o senador Magno Malta coloca a opção da presidência da República, mas se movimenta para dar palanque à Dilma Rousseff no Espírito Santo e para tirar do seu caminho as lideranças do PR que não querem sair da Arca de Noé do governador Renato Casagrande.
Com a caneta na mão e as finanças arrumadas, Casagrande exerce o seu estilo de comer o mingau pelas bordas e vai montando a sua Arca de Noé. Até o PSDB de Luiz Paulo Vellozo Lucas embarcou na Arca. Quem diria... Assim, ele (Casagrande) sai por enquanto em vantagem no que diz respeito à costura no âmbito das elites políticas.
Enquanto isto, Magno Malta tricoteia com Lula e Dilma e fala para a sociedade civil atormentada com a insegurança nas ruas. E Paulo Hartung retoma o seu mantra do “Bem contra o Mal” e adverte que as forças políticas que levaram o Espírito Santo para uma das maiores crises “estão se rearticulando para tentar voltar ao poder...e já colocaram as unhas de fora”.... Com a mídia ao seu lado. Prepara-se para, lá na frente, poder comunicar-se com a classe média.
O jogo, portanto, está sendo jogado. Mestres na arte de esconder os pensamentos, o ex-governador Eurico Rezende e o ex-ministro Golbery do Couto e Silva devem estar olhando lá do alto e vendo as suas artes (da mais pura matreirice de política mineira) serem praticadas com maestria por Renato Casagrande, Magno Malta e Paulo Hartung ( não necessariamente nesta ordem ).
Daqui para frente, como já observei há pouco tempo aqui neste espaço, começa a batalha da opinião publicada e da opinião pública. Até lá, que venha 2014. E aí vai ser a hora de lembrar Garrincha: quem vai saber melhor combinar com Sua Excia. o eleitor ?
Veja mais notícias sobre Colunas.
Comentários: