Domingo, 28 Abril 2024

​E finda o ano

É comum fazermos reflexões mais profundas nos finais de ano. Melhor seria se a reflexão fosse um hábito constante, mas a roda viva do dia a dia ocupa todo o tempo no automatismo das rotinas, mesmo que às vezes inclua longos períodos de ociosidade, o que acaba não sobrando tempo para a reflexão.

Nesses momentos, o acúmulo de um ano pode deixar passar fatos de grande relevância e terminar por comprometer impressões e conclusões resultantes desta reflexão.

Este ano de 2022 tem sido, por excelência, um ano difícil, de grandes e relevantes acontecimentos em níveis mundiais e locais, a exemplo da pandemia, guerra, economia, violência urbana, Copa, eleições, chuvas e etc., mas para uma reflexão equilibrada, é bom que se foque em diferentes dimensões da vida, principalmente para buscar as boas realizações e os bons acontecimentos, procurando sempre promover um equilíbrio que ajude a se manter de pé.

O desenvolvimento pessoal é diário, e nas situações mais difíceis, sempre é possível encontrar méritos, mesmo que seja o de sobreviver a elas. Apesar disso, acaba de ser divulgada uma pesquisa, realizada em novembro passado por considerados institutos brasileiros, que busca revelar as ditas "palavras do ano". Embora o resultado tenha indicado a palavra esperança vitoriosa, com 7%, ganhando por pouco de "decepção e dificuldade", empatadas em 4%, das outras palavras da lista, pode-se perceber o reflexo do sentimento coletivo de um ano realmente difícil, são elas: confusão, superação, polarização, democracia, alívio, divisão, Amazônia e complexidade.

Para se tirar o melhor proveito desse sentimento negativo que, segundo a pesquisa, imperou em 2022, é preciso, no exercício reflexivo, um garimpo bem-intencionado que sirva a "limonada" provinda de todo esse azedume e, para isso, adoçá-la com o fato de termos sobrevivido.

É preciso considerar que, mesmo nos problemas enfrentados, expressos pelas palavras decepção, dificuldade, confusão, polarização, divisão e complexidade, pode-se compreender que decepção esclarece e revela muito, dificuldades sempre fortalecem a quem supera, e o conjunto divisão, confusão e polarização são fundamentais para a revelação do ser. É como entrar em um porão há muito tempo fechado, com a poeira assentada e decidir limpá-lo. No primeiro momento, a poeira levanta e contamina todo o ambiente, que antes nem parecia tão sujo. Enfim, se não tiver como revelar o mal, vive-se a hipocrisia do "está tudo bem", dormindo com o inimigo.

Como proposta de superação, deixo aqui, para compor com a campeã esperança, a verdadeira vencedora diante dos fatos, a palavra resiliência, que não ganhou por não ser popular, mas revela a síntese da definição para os que sobreviveram a 2022. Além disso, a palavra esperança se faz verbo esperançar, uma ação do chamado brasileiro que "não desiste nunca".

Por um 2023 de amadurecimento humano que construa uma vida digna para todos.

Everaldo Barreto é professor de Filosofia

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