Sexta, 03 Mai 2024

E o salário, ó!

 

Hoje, um profissional recebe cerca de R$ 9 mil (bruto) para ser secretário municipal na Capital – a prefeitura mais rica do Estado e a que paga melhor. Para quem ganha um salário mínimo (R$ 622), a quantia pode ser considerada uma pequena fortuna, pois o trabalhador assalariado levaria mais de um ano para juntar R$ 9 mil. Mas para técnicos altamente qualificados, o salário está bem abaixo dos parâmetros de mercado, onde esses executivos podem ganhar pelo menos o dobro desse valor. 
 
Apesar dos salários “baixos”, os prefeitos eleitos que governarão as quatro maiores cidades da Grande Vitória (Serra, Vila Velha, Cariacica e Vitória) prometem que vão contar com secretários de alto nível técnico. Eles querem provar que o pacote da mudança inclui o rompimento com o “modelo clássico”, que usava os cargos para honrar acordos políticos ou acomodar aliados na máquina pública. 
 
No discurso, pelo menos, os prefeitos eleitos juram que não leiloarão os cargos. Já que é assim, por mais bem intencionados, os novos prefeitos terão uma dificuldade muito grande para selecionar bons currículos. Se eles de fato forem buscar esses nomes no mercado, será difícil convencer um executivo de uma grande empresa a ganhar a metade do salário para assumir uma pasta municipal que, dependendo da área, pode se transformar num “bicho de sete cabeças”. 
 
Se o candidato a secretário avaliar friamente a proposta, corre. Além de ganhar bem menos, dependendo da pasta, ele será obrigado a descascar um abacaxi ou mais por dia. Imaginem a pressão para quem assume pastas como saúde, segurança ou educação? 
 
Na iniciativa privada o profissional está acostumado a trabalhar com planejamento e com técnicos capacitados para assessorá-lo. No setor público ele terá que improvisar e recorrer, muitas vezes, a uma equipe desqualificada e desmotivada, que está ali apenas esperado o contracheque no final do mês. 
 
Além disso, ele ainda corre o risco de ser processado por improbidade administrativa qualquer da vida e manchar seu currículo profissional para sempre. Vale a pena? É muito problema para pouco salário. 
 
É por essas e outras que, dependendo dos nomes que os prefeitos eleitos apresentarem nos próximos dias veremos se a promessa de equipes exclusivamente técnicas não passava de uma lorota.  
 
Se os escolhidos forem “técnicos” que ficaram sem emprego com a derrota de alguns candidatos ou que já não são mais tolerados nos quadros do governo do Estado ou ainda que estavam na rua da amargura desde a saída de Paulo Hartung do governo, voltamos à estaca zero. 
 
Ou seja, os prefeitos eleitos estariam fazendo propaganda enganosa. Na verdade, trocando seis por meia-dúzia. Pois estariam usando critérios políticos e não técnicos para escolher suas equipes. Voltaríamos ao “modelo clássico” de se fazer política. E mudança que é bom...

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