Sábado, 20 Abril 2024

Eleições em Vila Velha: quem vai?

Dez em cada dez observadores da cena política e eleitoral de Vila Velha esperam que as eleições para prefeito do município caminhem para a realização de um segundo turno. Trata-se de uma disputa apertada e acirrada entre o modelo de gestão do atual prefeito, Neucimar Fraga(PR), que disputa a reeleição, e o modelo de gestão do prefeito anterior, Max Filho(PSDB), que pretende voltar para exercer um terceiro mandato. Correndo por fora, estão o candidato Rodney Miranda(DEM) e o candidato Babá(PT).

 
Em Vila Velha, as últimas pesquisas publicadas mostraram que os Institutos de Pesquisa estão batendo cabeça por lá. A pesquisa realizada para A Gazeta pelo Instituto Futura, publicada em 29/07/2012, mostrou o seguinte resultado na menção espontânea: Neucimar Fraga (16,0%), Max Filho (14,3%), Rodney Miranda (6,7%) e “Indecisos” (49,8%). Já a pesquisa realizada para A Tribuna pelo Instituto Enquet, publicada também em 29/07/2012, mostrou o seguinte resultado na menção espontânea: Max Filho (22,9%), Neucimar Fraga (18,1%), Rodney Miranda (9,7%) e “Indecisos” (45,9%).
 
Para além da constatação de que alguém errou a mão na aplicação da pesquisa “no campo”, como se diz no jargão de pesquisas, os resultados indicam que se trata de uma disputa apertada e acirrada e que, dado o ainda alto grau de Indecisos, tudo indica que as eleições vão para um segundo turno.
 
A rigor, não se pode prever quais são os dois candidatos que vão para o segundo turno. Ainda mais porque é significativa a rejeição à Neucimar Fraga (30,7% no resultado da Futura e 29,6% no resultado da Enquet), como também é significativa a rejeição à Max Filho (27,0% no resultado da Futura e 13,3% no resultado da Enquet). Há, portanto, espaço político-eleitoral para Rodney Miranda crescer e, até, ir para o segundo turno, dada a sua relativamente baixa rejeição (10,5% no resultado da Futura e 5,7% no resultado da Enquet). Assim como há espaço para migração de votos e para reposicionamento dos eleitores potenciais de Hércules Silveira(PMDB), um político de reduto.
 
Tudo estando praticamente em aberto em Vila Velha, com pelo menos três candidaturas competitivas com possibilidade de irem para o segundo turno, o nome do jogo parece ser, no plano concreto, a capacidade de convencimento sobre de quem é/será a melhor proposta de gestão para resolver os recorrentes problemas do município. E, no plano simbólico, sobre quem terá capacidade de captar o imaginário desta “cidade partida”, que contém as contradições da “cidade real” – a Orla e os Bairros Nobres – e da “não cidade” – a cidade oculta da região da Grande Terra Vermelha.
 
Mesmo com a mudança de tônica imprimida por Neucimar Fraga no sentido de fazer uma gestão com propostas de desenvolvimento econômico e com projetos de aproximação com o governo estadual e com o governo federal, Vila Velha sente ainda as conseqüências de longos períodos de isolamento político. A antiga cidade dormitório de Vitória, moradia e vivência tranqüila dos chamados “canelas verdes”, transformou-se em palco de grandes problemas e desafios, todos eles recorrentes. Nela, convivem, sem se dissolverem na síntese, as contradições da “cidade real” e da “não cidade”. Este é um problema estrutural de fundo...
 
Nela, ainda, ampliaram-se crônicos problemas de mobilidade urbana, com um enxame de carros em circulação a partir do crédito farto e do pedágio defasado da Terceira Ponte. Quem quer saber de andar de ônibus? Transporte público? Aquaviário? Isto sem falar naquele que ainda é o maior problema de Vila Velha: o problema crônico dos alagamentos. E tem ainda o problema mais novo da “ausência de segurança”, reforçado pelo crescimento vertiginoso do problema das drogas e do craque, que fomenta ações de roubo e furto, para não falar no problema como problema de saúde pública e convivência social.
 
Apesar da mudança de ênfase de Neucimar Fraga, há ainda uma grande demanda pela quebra do isolamento político. Prevalece, ainda, a percepção de que, dada a baixa capacidade de arrecadação do governo local, os grande (e recorrentes) problemas – alagamento, mobilidade, ausência de segurança, desenvolvimento local – necessitam de parcerias com o governo estadual, com o governo federal e com os municípios da região metropolitana. Quem se habilita a propor o que? Em quem os “Indecisos” vão acreditar?
 
Perpassando tudo isto está a presença constante e crescente da “cidade partida”. Quem será capaz de ter coragem e força simbólica para desencadear forças, movimentos e propostas transformadoras para buscar a síntese e a integração, via inclusão social, cultural e tecnológica, da “cidade real” (a Orla e os Bairros Nobres) com a “não cidade” (a cidade oculta da Grande Terra Vermelha) ?

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