Sábado, 20 Abril 2024

Enigmas de um crime

 

O prefeito de Conceição da Barra Jorge Donati, que só este ano foi parar atrás das grades em duas ocasiões, reclama que é vítima de perseguição da Justiça, que insiste em acusá-lo de crimes que ele não cometeu ou teve qualquer envolvimento. 
 
Donati, que é acusado de ter encomendado as mortes de sua esposa,  Cláudia Soneghete, e da arrumadeira Mauricéia Rodrigue, em 2003, naquele que ficou conhecido como "Crime da Ilha", foi preso no início deste ano após ser apontado como mandante do assassinato do sindicalista Edson Barcellos, morto em 2010. 
 
O homicídio que tirou a vida do sindicalista continua cercado de mistério. Nesta quarta (3), conforme revela reportagem de Século Diário, mais um envolvido no crime do sindicalista "desapareceu". Diego Ribeiro Nascimento, acusado de ter efetuado o disparo que matou Barcellos, deu entrada no Hospital São Camilo, em Aracruz, com quadro de infecção urinária e acabou fugindo.
 
Os detalhes da fuga são nebulosos, já que o agente responsável pela escolta do preso já apresentou quatro versões diferentes sobre o episódio à polícia. O "sumiço" de Diego soma-se ao de duas outras pessoas ligadas ao crime do sindicalista barrense. 
 
Diones dos Santos, conhecido como Porquinho, cuja função no crime era dirigir o veículo utilizado para emboscar Barcellos, foi assassinato, em circunstâncias até hoje não esclarecidas, três dias após a morte do sindicalista.
 
Em abril deste ano, Mateus Ribeiro dos Santos, o Mateusão, casado com a mãe de Porquinho, também foi morto. Ele foi executado com 12 tiros dentro de um mercadinho em Linhares. O pistoleiro, preso alguns dias depois do crime, alegou que matou por vingança. 
 
Apesar da versão do pistoleiro, o fato é que Mateusão, semanas antes de ser morto, procurou a Justiça para comunicar oficialmente que estava sendo ameaçado de morte. Mateusão disse claramente que o prefeito de Conceição da Barra, Jorge Donati, teria confidenciado a um ex-policial militar, que ficara preso com ele no Quartel da PM, em janeiro deste ano, que tramava matá-lo. Ele também teria revelado no depoimento que a morte do enteado teria sido queima de arquivo. 
 
A morte de Mateusão levou a Justiça a declarar novamente a prisão de Donati em abril deste ano. 
 
É preciso esclarecer em definitivo se o prefeito de Conceição da Barra está ou não envolvido nos crimes. De 2010 para cá, ano do assassinato do sindicalista, duas pessoas ligadas ao crime já morreram e uma terceira agora é fugitiva da Justiça. 
 
Donati, que também é acusado de ser o mandante do "Crime da Ilha", quase uma década depois, continua negando participação no duplo homicídio. 
 
Se, a exemplo do "Crime da Ilha", a Justiça precisar de mais de uma década para decidir se acusa ou não Donati como mandante da morte do sindicalista, talvez, até lá, nenhum dos envolvidos esteja vivo ou em local conhecido para contar a história.

Veja mais notícias sobre Colunas.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Sábado, 20 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/