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Escola fora do prumo

Demorou, mas chegou. A militarização das escolas públicas, uma deformação na área de ensino que se espalha pelo Norte e Nordeste brasileiro, ganha um impulso ao Espírito Santo pelas mãos da prefeita do município de Montanha, Iracy Baltar (DEM). 
 
Seus defensores tentam justificar a introdução desse método de ensino como forma de construir uma sociedade mais solidária e generosa, fatores imprescindíveis para acabar com a violência, segundo afirmam. Como a prefeita Iracy, acreditam que, com essa metodologia, a moral e o civismo serão estimulados, para o bem comum.
 
Errado. E a história, antiga e recente, mostra isso: O militarismo, desde os tempos mais remotos, sempre esteve a serviço do autoritarismo, do emprego da força para subjugar comunidades, povos e nações. O nazismo na Alemanha de Hitler é um doloroso exemplo.
 
Jovens alemães foram obrigados a frequentar as escolas militares e muitos deles se transformaram em monstros sanguinários. No Brasil, o quadro é assustador quando se olha o volume de mortes praticadas por policiais fora de serviço e de forma banal. O país tem hoje a marca de uma polícia que mais mata no mundo.
 
Um cenário nada diferente da base que a criou, a repressão política, contra o cidadão, na década de 60, para fazer parte das tropas da ditadura. De lá até hoje pouca coisa mudou em termos conceitual nas políticas de segurança pública.
 
Civismo não se aprende proibindo alunos de dobrarem a manga do uniforme escolar, impedindo o jovem de usar barba ou bigode fora do padrão do quartel ou reprimir as meninas que tingem o cabelo, como deseja o presidenciável Jair Bolsonaro.  Esses são fatores que irão gerar conflitos. 
 
A ocupação de escolas públicas por essa metodologia irá destituir diretores eleitos pela comunidade escolar e impor aos professores e estudantes as concepções, normas e valores da instituição militar. A justificativa de que dessa forma haverá redução de casos de violência nas escolas não se sustenta. 
 
Recentemente, em Maceió, um aluno foi agredido a socos por um professor militar somente porque  não prestava atenção à aula que ele ministrava.  Em Goiás, uma aluna desmaiou por não agüentar ficar tento tempo de pé em formação militar.
 
A militarização das escolas públicas segue o rumo contrário a modernas metodologias de ensino, ao dispensar o diálogo, as concepções pedagógicas e o pluralismo de ideias de forma democrática.  O uso do autoritarismo para acabar com a violência não passa de uma deformação cujos resultados irão tornar a sociedade mais bruta e desigual. 
 
É o momento de os responsáveis pela políticas públicas na área de ensino se levantarem, a fim de que esse vírus com fortes cores fascistas não se espalhe no Estado.  

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