Sábado, 27 Abril 2024

Etapa Vitória

LIVRO: EU SOU UMA LONGA HISTÓRIA - 50 ANOS DE RÁDIO (REEDIÇÃO)


CAPÍTULO IV 
ETAPA VITÓRIA

Era o ano de 1969, quando recebi um convite para trabalhar em uma rádio na Capital. Partiu de Oswaldo Amorim (cachoeirense que antes atuava na equipe de esportes da ZYL-9) e que na ocasião estava como diretor nos Diários Associados de Assis Chateaubriand. Aceitei, desde que pudesse estudar, fazer uma faculdade. Tinha terminado o Tiro de Guerra no ano anterior. Com 19 anos, vim para Vitória. Era o ano de 1969, quando o homem pisava na lua. Cheguei à Radio Vitória, na época, a mais popular da Capital. Logo iria bater saudade do meu pequeno Cachoeiro e tudo que lá deixei. Deixei a Rádio Cachoeiro, os colegas, os amigos, a família, e vim para Vitória.

Detalhe: lembro que era novembro e meu tio Roberto emprestou sua velha Rural Willys para que me trouxessem a Vitoria. Quem me trouxe foi o amigo Gersinho Moura ao volante. Aportei na república da Dona Francisca, na Marcondes de Souza, perto da antiga Rodoviária, no Parque Moscoso. Nessa república tinha Zé Coelho, Alípio (Peu), Urso Branco e outros

Rádio Vitoria

Meu primeiro ato na emissora foi gravar umas vinhetas com o então vereador Gerson Camata, no estúdio Audiomax de Euridice Gagno. Audiomax, talvez o único estúdio de gravação da Capital, ficava no Palácio do Café, na Costa Pereira. No térreo existia o famoso Salão Garcia. Quando governador, Élcio Álvares frequentava direto.

Minha missão na rádio era ser uma espécie de porta-voz de Oswaldo Amorim em toda programação e fazer um programa à noite, pois tinha o cursinho durante o dia. O programa que fazia tinha de tudo, muito rock, MPB, e isso causou espanto para uns ouvintes e admiração em outros.

A Rádio Vitória era no Ed. Moyses, em frente aos Correios na Av. Jerônimo Monteiro. Aliás, começaram a asfaltar a avenida nessa época, 69 e 70. A rádio ficava no último andar.

A programação era toda popular, mas o forte mesmo era o Ronda da Cidade e o Escrete de Ouro, a equipe de esportes. Essa equipe era o xodó do diretor Oswaldo. Às vezes, a Federação Capixaba de Futebol mudava horário de jogos a pedido da equipe. Lembro bem disso.

Uma vez o diretor me pediu que acompanhasse o final do Ronda da Cidade, estando presente na técnica de operação, pois Camata tinha mania de ultrapassar o horário, prejudicando o programa seguinte feito por Itaquassy Fraga. No dia fui e fiquei atrás do operador de som. Se eles passassem do horário, tinha ordens para cortar o programa. Eles terminaram em cima. Na realidade, colaboraram com minha missão. Tinha 19 anos, e fazer frente a um Camata, Cramenha e Mister X não dava.

Aprendi muito com o esporte da Rádio Vitoria, com todos os profissionais que compunham o quadro do Escrete de Ouro. Aprendi também com uma figura lendária do rádio capixaba, Alfredo Mussi e o seu "Madruga Também é Mulher". Este programa começava realmente à meia-noite e prosseguia madrugada adentro.

Fiz vestibular e passei na Ufes em Administração e continuava na Rádio Vitória. Estudava pela manhã e trabalhava à tarde e noite. A Lanchonete Rio Doce era nossa salvação, frequentada por muita gente da Rádio Vitória, como Fraga Filho, Hino Salvador e Orlando Santos. Ficava ao lado do prédio do Banestes, na Praça Oito. Eu ia de vez em quando e comia seu famoso sanduba triplicado de coisas, isso em meio a prostitutas ali da beira do cais.

A audiência da rádio na Grande Vitoria era total. Castelo Mendonça comandava as manhãs. Edyr Costa e Carlos Alberto Malta (o pequeno notável) cuidavam da programação musical, e bem! O noticiário era feito por Floriano Leubach, Florisvaldo Dutra e Jorge Gropo. Como não aprender como essa turma? Fui um privilegiado.

No andar de baixo, funcionava a TV Vitória, comandada por Magno Telles e o superintendente era Duarte Júnior. Há! Lembro-me dos câmeras da TV, Camatinha (irmão mais velho de Gérson) e Zé do Egito, este, alfaiate nas horas vagas. Cheguei a fazer um programa na TV cujo conteúdo era mostrar capas dos LPs que estavam estourados, mas nada que pudesse inserir em meu currículo. A estrela da TV era Euzenete Lucas, irmã de Edmar Lucas do Amaral, também funcionário e apadrinhado de João Calmon.

Coisas lembradas

Acidente
Rômulo Gonçalves entrou para fazer o horário de Dery Santos na Rádio Vitória. Era diariamente, às 6hs. Na TV, havia um projetista de nome Jerzy (origem polaca). Resolveram promover os locutores da emissora e num sábado pela manha foram todos tirar fotos na Barra do Jucu. Na volta, na altura do Ibes, a Vemaguete dirigida por Rômulo saiu da pista e tombou três vezes. Um susto. Todos saíram ilesos. Eu estava com eles.

Carnaval
No carnaval de 1970, se não me engano, Oswaldo Amorim enviou para Guarapari eu e Juarez Brito (este era mineiro, advogado e fazia rádio aqui em Vitória). Tivemos de cobrir o carnaval no Siribeira Clube, o clube da época. A gente transmitia de dentro do salão em meio àquela balbúrdia. Ficávamos hospedados em um quarto dos fundos do próprio clube. Cumprimos nossa missão.

Ascensoristas 
Não poderia esquecer os ascensoristas do elevador do Ed Moyses. Pela manhã era Oswaldino. Vivia limpando a placa de botões com a mão tremula. Bebia muito durante à noite. À tarde era "seo" Jaime, gente boa, paciente, brincalhão. Duas figuras.

Contabilidade
O caixa da Rádio Vitória era Arnaldo Calimam. Muito CDF. Vale era com ele. Quando dos jogos, ajudava a galera a esticar fios no estádio. Tinha também o Ernane e a Maria Cajueiro.

Técnica
Jose Luzardo da Rocha comandava a área. Ali se destacava o João Carlos, que se aposentou quando sofreu um acidente de carro a trabalho. Tinha o Bidú, que depois foi para a Gazeta. Equipe boa.

Discoteca
Duas figuras de primeira grandeza. Edir Costa, que naquela época já era DJ, e Carlos Alberto Malta, o pequeno notável.

Outros
Alguns personagens da Rádio Vitoria da época, a maioria servindo o esporte: tinha o Julio Simas e seu topete; Fraga Filho, que fazia um programa de reminiscências todo sábado; Alexandre Santos fazia plantão esportivo de vez em quando e trabalhava nos Correios, em frente; e Enéas Silva, apelidado de Diabo Louro, também trabalhava na rádio.

Mudança de república

Importante enfatizar esse pormenor. Gilsinho Leão (quase primo) estudava também em Vitória, cursando Odontologia na Ladeira São Bento no Centro de Vitória. Gilson tinha um apê no Ed. Abaurre, ao lado do Moinho Buaiz. Eu e Zé Coelho saímos da Pensão de Da. Francisca e fomos para lá. No andar de cima, moravam Camata, Rosenthal Calmon e seu irmão, que era engenheiro da Vale. Lembro ver sempre Gerson com uma revista Veja nas mãos. Naquele tempo, já era deputado estadual.

Quem se juntou a nós, mais tarde, foi Gonzaguinha Belo. Geralmente no fim do dia, ele juntava alguns plásticos dos Lps de Zé Coelho (trazia da rádio para ele), enchia de água e jogava em cima do pessoal da fila de ônibus que ia para Vila Velha. O ponto ficava embaixo do prédio. Viação Alvorada dos Lorenzutti. Uma zorra, de fato!

Mas demoramos pouco ali. Gilsinho passou no concurso do Banco do Brasil e foi enviado para Mafra, SC, e tivemos que deixar o Ed. Abaurre.

PARABÓLICAS

Quem anda sumidaço é o Geraldo Magela (ex-Gazeta). Geraldo era um dos cabeças da Confraria das Sextas, na época da Gazeta.

Carlos Victor mandando ver atualmente na Band FM de Guarapari. Usei muito a voz de Carlos Victor para as produções que fazia nas rádios que trabalhei.

Constantemente, o staff da Rede Sim recebendo diretores do SBT. São os detalhes finais da transferência.

Outro dia gostei de ouvir a plástica utilizada pela Nossa Rádio FM, do capixaba RR Soares.

ACESSE
http://jrm50anos.blogspot.com.br/
O rádio do ES na visão de JRM

ACESSE: TRADUÇÃO JRM YOUTUBE
Dhema Não sei Viver Sem Voce Legendada - YouTube

MENSAGEM FINAL
"Os oprimidos são autorizados uma vez em cada poucos anos a escolher quem da classe opressora vai representá-los e oprimi-los". Karl Marx

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