Terça, 14 Mai 2024

Guilherme Dias no governo Casagrande

O governo Casagrande tem aproximadamente doze meses de tempo de gestão para configurar marca própria e para apresentar resultados. Depois disso, lá para julho de 2014, o tempo de gestão será interrompido e superposto pelo tempo político da reeleição e das eleições estaduais e gerais de 2014. No meio tempo, mesmo este tempo de gestão de doze meses deverá ser, aqui e ali, ofuscado pela antecipação da corrida sucessória.
 
O governador Casagrande tem, portanto, diante de si, uma tarefa complexa e difícil. Diante desse quadro de complexidade na gestão do governo e das políticas públicas, a escolha do economista Guilherme Dias para presidir o BANESTES é emblemática e bem vinda. Ainda mais porque o governador desenhou novas tarefas e novos desafios para a atuação do BANESTES. Principalmente, o desafio de articular e alavancar novos investimentos produtivos no estado, ao lado do BANDES e da Secretaria do Desenvolvimento.
 
Guilherme Dias é hoje um profissional completo para o exercício de funções públicas, no contexto da configuração atual do Estado da Pós-Modernidade e da sociedade do conhecimento. Estado que adquire novas feições institucionais e atua de forma multi-institucional, nos sentidos vertical, horizontal e transversal. E que, para isso, precisa superar qualquer dicotomia Público-Privado e, ao contrário, trabalhar no contexto de antinomias.
 
Tendo trilhado uma vitoriosa carreira no setor público, como técnico de carreira do BNDES e como gestor que já atuou nos três níveis de governo – federal, estadual e municipal -, Guilherme Dias dedicou-se nos últimos três ou quatro anos a atuar como Conselheiro de empresas privadas e a completar a sua formação acadêmica com a obtenção do grau de Doutor em Economia pela prestigiosa UFRJ, tradicional espaço acadêmico de formulação que abrigou e abriga craques da economia brasileira como a professora Maria da Conceição Tavares e José Luiz Fiori, por exemplo.
 
Portanto, ele adquiriu mais estatura acadêmica e, ao mesmo tempo, conviveu do lado do mercado. Conhece, portanto, agora, os dois “lados” da moeda. No lado do Estado, a lógica da hierarquia preside os movimentos dos gestores, mesmo com os avanços recentes dos novos métodos de gestão pública. No lado do Mercado, entretanto, é a lógica da competição e dos resultados que preside as atuações dos gestores.
 
A escolha de Guilherme Dias é emblemática pela ênfase nos novos papéis a serem desempenhados pelo BANESTES e pelo foco na gestão. Não se trata de uma escolha político-partidária. Muito menos uma escolha que tenha “padrinhos políticos”. Guilherme serviu à governos do PSDB e é interlocutor, por exemplo, do ex-presidente Fernando Henrique e do ex-prefeito de Vitória Luiz Paulo Vellozo Lucas, seu colega de BNDES. Mas tem luz própria e ideias próprias.
 
Quanto aos novos papéis do BANESTES, será bem vinda uma atuação de Guilherme Dias no sentido de agregar diplomacia empresarial e maior capacidade de indução de investimentos ao Governo Casagrande. Reforçar diálogos regionais, nacionais e internacionais para alavancar novos investimentos, e não apenas atuar pontualmente na medida da demanda externa. É uma agenda factível e necessária. Articular os empreendimentos regionais que são, na verdade Agências de desenvolvimento, como a Petrobras, a Vale, a ArcelorMittal, a Fibria, a Jurong e a Gerdau. Articular Fundos Institucionais como a PETROS, a VALIA e os fundos mais regionais. E reforçar as relações com o BNDES, que já abriu mais de 3 bilhões de reais de financiamentos para o chamado PROEDES.
 
Já na linha da agregação de novas experiências à gestão Casagrande, Guilherme Dias pode contribuir muito com sua experiência em formulação e elaboração de Projetos para atração de investimentos e recursos. Articular, ao mesmo tempo, a formação de uma “Think Tank” e de um “Banco de Projetos” no governo, inclusive com prefeituras, - juntamente com os secretários José Eduardo de Azevedo (Projetos Especiais) e Robson Leite (Planejamento).
 
O governo tem pouco tempo administrativo. Mas ainda há tempo. Além da ampliação e fortalecimento dos esforços na área do desenvolvimento, há que se dar mais celeridade e ênfase às soluções do chamado passivo social: segurança, saúde e educação.
 
Os investimentos em saúde se ampliaram. Mas o problema crucial do congestionamento da “porta de entrada” do sistema de saúde permanece. Por exemplo, o governo federal alocou recursos substanciais para novas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) pelo Brasil afora. Mas o Espírito Santo não foi ainda agressivo na atração destes recursos. Ainda há tempo. As UPAs, implantadas via PPPs para construção e gestão, são equipamentos e serviços essenciais para destravar o congestionamento da “porta de entrada” do sistema. O Rio de Janeiro e o Distrito Federal saíram na frente e já têm vários exemplos em funcionamento.
 
E aí vêm os problemas da segurança e da sensação de insegurança dos capixabas e, ao mesmo tempo, o problema da qualidade na educação. Em ambos os casos – segurança e educação-, o governo Casagrande ainda não encontrou o “ponto das políticas” nas duas áreas. Qual é a política estruturante na área de segurança? O Rio de Janeiro, por exemplo, formulou as UPPs. Qual é a política estruturante na área de educação? Minas Gerais e São Paulo, por exemplo, criaram projetos de avaliação e monitoramento permanente da qualidade do ensino.
 
Parodiando, o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES, é bom dizer que, neste momento, tendo em vista a exiguidade do tempo de gestão , o governo Casagrande precisa de “uma agenda de poucas e boas”...

Veja mais notícias sobre Colunas.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Terça, 14 Mai 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/