Segunda, 29 Abril 2024

Hora de descer do palanque

 

O discurso de posse dos prefeitos dos municípios da Grande Vitória repetiu o script da maioria dos eleitos das médias e grandes cidades brasileiras, que também assumiram oficialmente o comando dos executivos municipais nessa terça-feira (1). 
 
Os prefeitos das quatro maiores cidades do Estado - Vitória, Serra, Vila Velha e Cariacica - exaltaram o bom relacionamento com o governo Renato Casagrande e também fizeram referências ao governo federal, sempre com a esperança de atrair recursos para os caixas vazios dos municípios.
 
Prevendo um ano duro pela frente, com o agravamento da crise econômica mundial, somada às perdas de arrecadação com o fim do Fundap, além da iminente diminuição de receitas em função do novo sistema de partilha dos royalties do petróleo – que continua travado no Congresso -, os prefeitos adotaram um discurso mais “pé no chão”, bem diferente do tom otimista que se ouvia no palanque eleitoral.
 
Os prefeitos já adiantaram que os projetos de campanha só vão sair do papel se os governos estadual e federal abrirem os cofres. Sobretudo o estadual, cujo caminho é mais curto. Nessa hora não importa partido ou ideologia política, todos querem ser “amigos” do governador Casagrande ou de pessoas ligadas à presidente Dilma Rousseff.
 
Cada um dos quatro prefeitos se preocupou em mostrar que mantém uma relação muito boa com o governador Renato Casagrande. Empurrando a bola para o chefe do Executivo estadual, eles já apelaram para a sensibilidade do governador na hora de destinar recursos aos municípios. 
 
Para não parecer que o sucesso da gestão da mudança “vendida” aos eleitores depende só da boa vontade (leia-se caixa) dos governos estadual e federal, os prefeitos também prometeram fazer bem a parte que lhes cabe. Nesse ponto, os discursos também foram convergentes. 
 
Os novos prefeitos usaram e abusaram de expressões sacadas dos bons manuais de ferramenta de gestão para incrementar o discurso, tornando-o mais profissional. Todos prometeram mais eficácia e eficiência. Garantiram que vão governar com responsabilidade, coragem e determinação. Prometeram, muitas vezes, “fazer mais com menos”. 
 
Austeridade foi outra palavra que não saiu da boca dos novos prefeitos. Eles asseguraram que a gestão moderna prevê um corte profundo nas “gorduras” da máquina pública, historicamente suscetível a empregar apadrinhados políticos e congêneres. 
 
Apesar das promessas, nos primeiros discursos, já com o “bisturi” em mão, dá para perceber que a cirurgia para remover as gorduras será bem menos invasiva. Com um número pronto na cabeça para dizer à imprensa, muitos cravaram que vão cortar pelo menos 20% dos comissionados. Resta saber se daqui a alguns meses esses cargos “cortados” serão preenchidos por outros apadrinhados. 
 
Outros, mais cautelosos, assim que pegaram a caneta na mão, trocaram o discurso da austeridade pelo da cautela, ao dizer que vão estudar melhor os cortes. Ainda na linha da austeridade, alguns prefeitos garantiram que vão economizar do combustível ao café. Tudo para deixar a máquina o mais azeitada possível. 
 
Todas essas promessas, alertaram os prefeitos, precisam de um prazo mínimo para sair do papel. Eles pediram à população 100 dias para apurar os primeiros resultados do chamado “choque de gestão”. 
 
Como o momento ainda é de dar crédito aos novos prefeitos, só nos resta aguardar os 100 dias para descobrir se eles vão de fato promover as tais mudanças de paradigmas na gestão e se essa era só mais uma promessa de palanque. 

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