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Ilha

Sereia azul e rosa se espreguiçando entre o mar e o mangue…

Tadeu Bianconi/Governo ES

Nesga de sol e mar, águas escuras na baía que adentra o Penedo, muda testemunha de sua trajetória pelos anais da História. Ilha cercada de amores por todos os lados, terra de encantos e espantos, de luzes e colibris. Escadarias centenárias cascateando dos morros verdejantes até o borburinho do tráfico agitado de ruas outrora tranquilas. Ilha de verdes exuberâncias – viver é ver-te, cantou um poeta iluminado.

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Ruas estreitas, casario antigo, uma garota e um pirulito espiando o mundo na janela pintada de azul-colonial. Espalhando sombras, árvores generosas viram muitas gerações pisarem esse chão de pedras roliças. Um cheirinho gostoso de coentro dando sabor ao cação que morreu por uma boa causa. O barulho do trânsito não chega a essas ruas tranquilas onde o passado ainda habita. Um carro passa sem pressa, some na curva. Lá longe, as torres esguias da catedral abençoam a terra de Coutinho.

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Terra de mar e mel, tanta gente bonita! Tantas mansões suntuosas, tanto orgulho, tanta modernidade. Lojas elegantes e suas vitrines sofisticadas, nas fachadas nomes chamativos de línguas invasivas – Made in…Love my life…Now or never…música em idiomas ignorados enchem o ar – I just woke up from a dream…mas quem ainda sonha ouvindo as bombas explodindo do outro lado do mundo? A terceira guerra mundial ou o apocalípse? Redundância. 

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Ilha de contrastes – mar poluído e praias azuis da cor do céu. Mendigos dormindo nas calçadas, ignorando as elegantes que passam carregando sacolas recheadas de vaidades. Ilha de mendicância, de mãos estendidas, sempre vazias. Bêbados sem hora marcada, pivetes sem lar, seminus, semivivos. Manda um trocado aí, tio! Tô sem comê o dia todo. Se a ocasião faz o ladrão, eles assaltam – futuros candidatos às manchetes da sessão policial dos jornais do futuro.
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Sereia azul e rosa se espreguiçando entre o  mar e o mangue…ver-te é viver, cantou um poeta triste. Navios bordando a baía, mirando-se tristonhos em tuas águas poluídas. A perfeição de teus entornos lembra os contornos de um corpo feminino sobre as areias quentes do sol da tarde, deixando-se afagar pelas ondas do mar – amante persistente.

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Ilha de desencontros, desamores, desafetos, cercada de lendas por todos os lados  – ver-te é amar-te! Ilha ancorada no tempo, navios escuros bordando a baía, mirando-se em tuas águas indiferentes – eles passam e tu ficas – imóvel, constante. Eterna!

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