Ainda sobre a nota publicada na coluna de Anselmo Gois, no jornal O Globo, dessa terça-feira (12), apontando o governador Paulo Hartung como um possível nome do PMDB à sucessão presidencial em 2018, podemos refletir um pouco sobre o tal encontro a portas fechadas entre o governador e o vice-presidente da República em dezembro passado, em terras capixabas.
Talvez já naquele momento havia uma costura que desembocasse na estratégia que está se desenhando hoje. Em dezembro, Temer havia acabado de “vazar” a tal carta que marca o rompimento dele com a presidente Dilma Rousseff, pouco dias depois de vir ao Estado para uma conversa secreta com Hartung.
Desde então, o governador vem adotando uma postura neutra sobre o assunto. Liberou o PMDB capixaba para votar contra, mas não cravou apoio nem a um lado nem a outro. Vem tentando emplacar em nível nacional a imagem de excelência em gestão, para mostrar capacidade de ser uma opção de recuperação do País, o farol do País, como ele tem dito.
Isso explica também o porquê de Hartung não aceitar o convite para se filiar ao ninho tucano. Agora que se vê a queda de popularidade do presidenciável Aécio Neves, observa-se que essa foi mais uma escolha inteligente do governador.
Aí vem o áudio em que Temer ensaia um discurso de posse. No dia seguinte à votação do impeachment sai a notinha apontado os possíveis sucessores de Temer: o prefeito Eduardo Paes e Paulo Hartung. Para os meios políticos, há uma articulação de bastidores muito bem orquestrada.
Não parece haver nada fora de contexto aí. Embora pareça improvável, o governador comanda um estado pequeno e isolado, mas no Sudeste. Se viabilizar para ser uma opção para um projeto nacional, não é impossível. Não seria difícil em um governo de Temer, de transição, investir em um estado como o Espírito Santo, transformando-o em uma vitrine para vender a gestão de Hartung, inflando assim sua imagem nacionalmente.
A vizinhança também ajuda. Quais seriam os nomes do PMDB na região? O governador do Rio de Janeiro Luiz Fernando Pezão e o prefeito da cidade, Eduardo Paes, mas ambos estão em desgaste político.
Além disso, é mais fácil em um eventual governo Temer criar uma vitrine inflando de recursos um Espírito Santo do que um problemático Rio de Janeiro. Neste sentido, o vice-presidente teria dois anos para criar o sucessor ideal, vendendo o produto Paulo Hartung como um nome de renovação dentro do PMDB.
Bom, a estratégia parece ser essa. Temer pode ter prometido a Hartung o que o governador capixaba vem prometendo a aliados por aqui: “há algo maior reservado para você em 2018”. O esquema parece bom, agora só falta combinar com o eleitorado.
Fragmentos:
1 – Enquanto parte da mídia insistem em depreciar o movimento dos estudantes da escola Aristóbulo Barbosa Leão, em Serra, o deputado Sérgio Majeski (PSDB) usou o Facebook para parabenizar os alunos.
2 – Na próxima sexta-feira (15), o PSC se reúne em Pedro Canário, para lançar como pré-candidato a prefeito o presidente da Câmara vereador Rogério Moura.
3 – Neste domingo (17) o Setorial LGBT do PSOL do Espírito Santo organizará uma atividade para discutir a conjuntura sobre a ótica da população LGBT. O debate contará com a participação de Camila Valadão, Tuanne Almeida e Sophia Rosa.

