Sábado, 20 Abril 2024

Incentivo fiscal

 

A medida do governo federal de reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), visando incentivar a produção da indústria, estimular as vendas e aquecer a economia, gerou um aumento na procura e na concessão de financiamentos para carros novos e também na compra de eletrodomésticos da chamada linha branca. A partir desta medida estão sendo vendidos 16 mil novos veículos diariamente no país, contra 12 mil que eram vendidos em média até o mês de maio, quando a medida foi adotada.
 
Há que se analisar as duas faces desta medida. A face positiva é a oportunidade para aqueles que fizeram reserva para comprarem o carro ou o eletrodoméstico novo e podem aproveitar a redução do IPI para adquiri-lo mais barato e antes do prazo estimado. 
 
A face negativa, para os que agem por impulso, estimulados pelo incentivo e pela facilidade de crédito, mas sem reserva e sem planejamento, compram e não sustentam as despesas. Como um exemplo da face negativa do consumo, temos a taxa de inadimplência do financiamento de veículos que vem se mantendo alta nos últimos meses: 6%, segundo o Banco Central.
 
O que está faltando é o uso do “bom senso”. É preciso fomentar a consciência crítica para o consumo consciente e sustentável. A formação deste comportamento exige exercício diário, aplicado antes do ato de comprar. 
 
Costumo dizer que comprar é muito bom, porque sacia uma necessidade ou realiza um desejo, mas também pode representar um sintoma de compulsão. Para evitarmos o risco a partir do ato de comprar, o primeiro exercício que deve ser aplicado previamente é o questionamento: eu preciso ou eu quero? Se a resposta for eu preciso, é o que realmente é necessário e se for eu quero, representa o desejado. Numa escala de prioridade o que é necessário vem primeiro e o que é desejado, pode esperar. Além disso, deve ser questionado - eu posso? Avaliando se é possível comprar naquele momento.
 
Merecemos e podemos consumir tudo: o necessário e o desejado. A questão é respeitar o nosso padrão de consumo, analisar e aguardar o momento oportuno, aproveitando para formar reserva, aumentar a receita e a partir desta, realizar de forma sustentável, sem comprometer o orçamento mensal da família. Com dinheiro na mão, aumenta a possibilidade de negociação.
 
Esse é um comportamento preventivo ao endividamento e a consequente inadimplência.
 
Eu preciso ou eu quero?
 
Eu posso?
 


Ivana Medeiros Zon é assistente social,  especialista em Saúde Pública e em Estratégia Saúde da Família. Autora do Projeto Saúde Financeira na família: uma abordagem social, com foco em educação financeira.
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