Domingo, 28 Abril 2024

Independência ou morte

Há quem diga que é nos momentos de dificuldade é que se descobre sua capacidade de superação. Esse pode ser um caminho que esteja sendo traçado para o Espírito Santo. Sem os recursos que tornaram o Estado completamente dependente de Brasília vai ser preciso criar condições de sobrevivência e aí o governo do Estado vai ter que usar a criatividade.



É hora de entender que os grandes projetos industriais que prometiam um futuro de abundância com a internacionalização da economia capixaba só nos deixaram os ônus de uma produção nada sustentável a ao sabor da vulnerabilidade do comercio exterior. Não empregaram quanto prometeram, não recolheram para os cofres públicos o que deveriam e não garantiram o desenvolvimento justo.



Investindo em infraestrutura não para interligar os pontos distantes do Estado para diminuir a desigualdade, mas para atender ao interesse da elite econômica do Estado, o governo fez, mais uma vez, a aposta errada. E continua anunciando com orgulho obras milionárias que muito pouco vão contribuir para a melhoria do transporte nas rodovias estaduais ou na movimentação dos capixabas internamente ou na saída do Estado.



Priorizando as empreiteiras/financiadoras de campanha, contribuiu para a paralisação de obras importantes como o aeroporto, com suspeitas de irregularidades na execução do serviço.



Enquanto isso, pequenos produtores migraram para a Grande Vitória ou para a região litorânea em busca das promessas de emprego nunca cumpridas. Pequenas empresas e indústrias locais fecharam as portas por falta de incentivo, prefeituras do interior sem atrativos para grandes projetos se afundaram em dívidas por não ter de onde tirar recursos, enquanto outras mergulhavam no farto recurso do governo federal, no repasse dos royalties.



Em vez de criar condições, muitas vezes por meios torpes, em negociações com empresas para facilitar a vinda, instalação e operação de grandes plantas industriais, driblando a legislação ambiental, criando demandas sociais para as prefeituras e aumentando o gargalo que separa PIB e IDH, é hora de o Espírito Santo tomar a frente de seu destino.



Recursos existem, vontade política por parte do governo federal em compensar as perdas, também. O que falta são projetos consistentes, que possam atrair recursos e fortalecer o Estado.



É hora de incentivar a indústria local, diminuir as distâncias entre norte e sul, leste e oeste do Espírito Santo. Fomentar não eucalipto, mas o turismo. Investir na educação, na saúde, no transporte público de qualidade e enfrentar a violência. O Estado vai perder dinheiro, as prefeituras também, mas esse novo momento pode ser a sacudida necessária para que a classe política entenda que não dá mais para governar para um grupo e esquecer o restante dos 3,5 milhões de capixabas que contribuem para o crescimento do Estado.



Está passando da hora de o Espírito Santo parar com essa história de “somos ricos, somos pobres”, enxugar as lágrimas, levantar e dar seu grito de independência. É isso, ou a morte.

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