Sexta, 26 Abril 2024

Intocáveis e invisíveis

O título da coluna vem de uma declaração do presidente do Sindifisco Nacional, Kleber Cabral, ao comentar o afastamento de dois auditores fiscais da Receita Federal, lotados no Espírito Santo, por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Os auditores Luciano Castro e Wilson da Silva, no estrito cumprimento do dever, acessaram dados de cabeças coroadas da República, a largos passos de se transformar em mais uma colônia estadunidense, por conta das ações do homem de má índole que galgou o poder. 


Estão na lista ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), familiares do Jair Bolsonaro e mais 133 intocáveis, colocados em um patamar bem acima da maioria dos brasileiros, em clara demonstração de que a lei não é para todos e, como diz a sabedoria popular, o pau que bate em Chico não é o mesmo que bate em Francisco. 


Uma distorção histórica alimentada pela elite ainda extremamente deslumbrada com a descendência europeia, sentimento que a leva a uma desesperada tentativa de escamotear os povos africanos e indígenas e a enxergar como normal o fato de que apenas 1% da população possua o equivalente à renda gerada pela grande maioria dos brasileiros.


Nesse contexto, são preservados, sob uma ótica vesga e preconceituosa, privilégios negados aos que estão fora do círculo mais abastado, onde tudo é permitido, de forma especial os “favores” da lei. Embora alardeiem que a lei é para todos, refrão usado até em título de filme sobre a operação Lava Jato, na realidade ocorre exatamente o contrário, afirmativa comprovada com as recentes revelações do site The Intercept repercutidas em parte da imprensa e em momento algum desmentidas pelos envolvidos. 


A punição aos dois auditores fiscais mostra a face hipócrita dos chamados homens de bem da República, quando os rigores das leis ameaçam atingi-los. Nesses casos, a lei nunca é para todos, pois sempre haverá Chicos e Franciscos, dependendo da condição social, fator preponderante sobre a  aplicação das leis. Poder-se-ia afirmar, para contrapor, que os tempos mudaram e infratores de colarinho branco agora são investigados e presos. 


Pura balela, quando são revelados fatos estarrecedores ainda não devidamente esclarecidos que acobertam “pessoas de bem” ou colocam outras em tratamento diferenciado, como, por exemplo, o caso do então poderoso deputado Eduardo Cunha, cujos telefones celulares foram dispensados de verificação por ordens do então juiz Sergio Moro. Ora, ele estava mais interessado nas articulações políticas para garantir o cargo de ministro da Justiça que hoje ocupa. 


O que se poderá dizer, então, do miliciano Fabrício Queiróz, velho companheiro do homem mau que governa o País, que tomou “chá de sumiço” e se encontra desaparecido, e tantos outros?  Em casos como esses, vale o favorecimento, o que os transforma em intocáveis, seres invisíveis para a chamada grande imprensa, que adota um profundo e comprometedor silêncio. 

 

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