Quarta, 24 Abril 2024

Laços de família

 

Muito comemorado pelos setores democráticos da sociedade, a aprovação da Lei da Ficha Limpa, sem dúvida nenhuma, é uma passo importantíssimo para o País cristalizar o processo de redemocratização iniciada em 1985. Essa é a notícia boa. A ruim é que os candidatos com a “ficha-suja” ou mais ou menos “suja” já descobriram atalhos para burlar a legislação eleitoral e se dar bem nas urnas no próximo dia 7 de outubro.
 
Matéria publicada hoje (24) traz um exemplo salutar. Em Montanha, extremo norte do Estado, o ex-prefeito Hércules Favarato (PMDB) – favorito na disputa – está arriscado a ficar fora da eleição em função de pendengas judiciais. 
 
O peemedebista, que leva vantagem sobre a atual prefeita, a candidata à reeleição Iracy Baltar (PSDB), teve seus direitos políticos suspensos por cinco anos. Embora a condenação tenha partido de decisão colegiada, como prevê a Lei da Ficha Limpa, o ex-prefeito, na ocasião da solicitação do registro eleitoral, estava quite com a Justiça. Conclusão, Favarato está apto para concorrer, mesmo sabendo que, mais cedo ou mais tarde, poderá ser barrado pela Justiça. 
 
Lá atrás, quando pensou em disputar as eleições, Favarato já imaginava que a nova lei poderia frustrar seus planos de retornar à prefeitura de Montanha. Prevenido, não por coincidência, o candidato escolheu o seu filho, Ricardo Favarato, para ser seu vice. 
 
A manobra é simples. O ex-prefeito, que já recorreu da decisão no último dia 29 e perdeu, deve renunciar nos próximos dias. Automaticamente, seu filho assumiria a sua vaga. A esta altura, as urnas eletrônicas já teriam recebido a carga com os nomes dos atuais candidatos. No dia 7 de outubro, o nome e a foto de Hercules Favarato apareceriam na urna, mas os votos seriam “herdados” pelo vice, Ricardo Favarato, que substituiria o pai. Tudo em família.
 
O que chama atenção é que toda essa manobra, por incrível que pareça, é legal. A legislação não pode impedir que o candidato renuncie e o partido nomeie um substituto.
 
No caso de Montanha, o ex-prefeito Hercules Favarato está dando um jeito de manter tudo em família. É o nepotismo sendo levado à sua serventia mais extrema: manter a transmissão do cargo de pai para filho como se a prefeitura fosse uma empresa familiar e os votos dos eleitores uma herança. 

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