Segunda, 29 Abril 2024

Luta histórica

Dia de trabalho é todo dia, Primeiro de Maio é dia de trabalhadores e trabalhadoras.

Esta data celebra uma histórica luta pela redução da jornada de trabalho, que por volta de 1884, girava entre 14 e 16 horas diárias. Neste ano, uma convenção dos sindicatos organizados dos Estados Unidos decidiu que se não houvesse empenho das empresas e do poder público para a redução dessa exaustiva carga horária, a força de trabalho iria cruzar os braços.

A reivindicação foi de no máximo 8 horas diárias de trabalho, definindo um prazo até 1º de maio de 1886 para o atendimento desta justa reivindicação. Dois anos depois, porém, nada ainda havia sido realizado para seu atendimento, com uma realidade extenuante levando ao desespero, pois com um custo de vida muito alto e salários baixos, para sobreviverem, as famílias eram obrigadas a colocar também as crianças para trabalharem nas fábricas, em jornadas de 14 horas diárias.

Com o entendimento de que quem move a economia real é a classe trabalhadora, os sindicatos convocaram e centenas de milhares de trabalhadores e trabalhadoras foram às ruas para cobrar das empresas e do poder público o atendimento de sua reivindicação.

Importantes centros industriais, como Chicago, pararam. Esse movimento da classe trabalhadora não agradou aos patrões, que solicitaram intervenção do poder público, que com sua polícia, reprimiu duramente os manifestantes, o que provocou a morte de dois trabalhadores, levando a um acirramento ainda maior do movimento grevista.

Novas manifestações foram convocadas e atendidas pela classe trabalhadora e, no dia 4 de maio, enquanto os líderes trabalhistas defendiam as reivindicações, uma bomba foi detonada no meio da multidão e causando a morte de um policial, o que intensificou a violência policial e ataques da imprensa, abonadas pela elite patronal, gerando uma campanha de criminalização do movimento dos trabalhadores.

Os líderes foram caçados, oito deles presos, sete condenados à forca, e um a 15 anos de prisão. Toda essa repressão não paralisou a classe trabalhadora e a luta pela jornada de oito horas diárias continuou forte. 

No ano de 1889, a Federação Americana do Trabalho propôs que o 1º de Maio se tornasse uma data universal de debates sobre as mudanças necessárias e a redução da jornada de trabalho. Diversos países, das Américas, da Europa, da Ásia e da África, adotaram esta data em lei. Nos EUA, foi instituído o Dia do Trabalho, para a primeira quinzena de setembro.

No dia 1º de maio, mais de 80 nações do mundo todo comemoram o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora. Curiosamente, o país que foi palco para o trágico fato histórico que deu origem à data não está nessa lista.

A história nos serve de referência para analisarmos os cenários das épocas anteriores e compará-los com o nosso cenário atual. Além disso, tem nos ensinado a diferença que faz ter uma sociedade organizada, numa democracia forte, e a importância de termos representantes nossos nos cargos executivos e no parlamento, com sensibilidade para ouvir e entender nossas reivindicações justas e legítimas.

O Primeiro de Maio deve continuar sempre sendo o dia internacional dos trabalhadores e das trabalhadoras, não do trabalho. Deve ser uma data para debates e reflexões, de toda a classe trabalhadora, unificada por seus diversos sindicatos e suas centrais, pelas nossas principais lutas históricas, trabalho, emprego, renda, direitos e democracia.

Por ser uma data tão significativa para o nosso povo trabalhador, para suas reflexões e lutas, precisa ser realizada por todos os sindicatos e centrais, pois é a unidade da classe trabalhadora que nos garante as lutas e nossas conquistas.

Neste Primeiro de Maio unificado de 2023, temos que comemorar que, com a força da união da classe trabalhadora, a democracia venceu no Brasil, mas enquanto classe trabalhadora, ainda temos muitas e importantes lutas para recuperar direitos e construir um país que merecemos e que será construído com a nossa participação e lutas.

Com nossa organização, unidade e lutas, vamos construir o Brasil que desejamos e merecemos, baseado na igualdade, justiça e esperança, com a participação do nosso povo trabalhador.

Nossa luta continua, ontem e hoje, no Primeiro de Maio e todos os dias, por igualdade; justiça; com empregos de qualidade e direitos para todos; fortalecimento da democracia; uma aposentadoria digna; trabalho e renda iguais para homens e mulheres; contra o assédio moral; a violência e o racismo; com crescimento econômico e desenvolvimento social.

No Espírito Santo, as diversas centrais sindicais e seus sindicatos convocaram para um evento em frente à Rodoviária de Vitória, reunindo entidades sindicais, movimento social organizado, estudantil, coletivos e a população de modo geral, para cobrar "Emprego, renda, direito e democracia".

Que vivam sempre organizados, fortes e felizes os trabalhadores e as trabalhadoras.

Feliz 1º de Maio e todos os dias, a classe trabalhadora.

Veja mais notícias sobre Colunas.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Segunda, 29 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/