Domingo, 28 Abril 2024

Mais policiais, menos mortes

 

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que existe uma relação direta entre o efetivo policial e os homicídios. Os números apontam que quanto mais policiais nas ruas, menos assassinatos. 
 
A população, sem consultar qualquer estudo, de maneira perceptiva mesmo, também acredita na relação mais policiais, menos mortes, que parece até óbvia. 
 
A pesquisa, porém, sai do “óbvio” quando quantifica essa relação é mostra quantos crimes podem ser evitados com mais efetivos nas ruas. 
 
Os pesquisadores do Ipea apontam, por exemplo, que o aumento do efetivo policial em 10% pode reduzir de 0,8% a 3,4% o índice de homicídios em 12 meses. No intervalo de cinco anos, a redução acumulada pode chegar a significativos 14%. 
 
É evidente que a violência não é combatida somente com o aumento do efetivo. São necessárias ações articulas para combater as diferenças causas da violência. 
 
Esse conjunto de ações vai da estruturação das policias (homens, equipamentos, inteligência etc), passa pela garantia de acesso da população mais vulneráveis aos serviços essenciais (saúde, educação, moradia, saneamento etc) e se complementa com políticas públicas inclusivas que sejam capazes de oferecer alternativas, sobretudo aos jovens – principais vítimas e autores da violência -, mais atraentes que o assédio do crime organizado. 
 
Mas, voltando aos dados do estudo, o aumento do efetivo, indiscutivelmente, é um dos tripés de uma política de enfrentamento à violência bem-sucedida. 
 
No caso do Espírito Santo, o sucateamento das polícias, sem dúvida, contribuiu para o aumento das taxas de homicídios na última década. 
 
Como revelou o coronel da reserva Sérgio Aurich, em entrevista a Século Diário em março deste ano, a PM, em 1993, tinha um efetivo de 8,2 mil homens. Vinte anos depois esse efetivo, em vez de aumentar, caiu. Só este ano o governador Renato Casagrande começa a repor lentamente os efetivos das polícias, que não foram repostos durante a gestão do ex-governador Paulo Hartung. 
 
Tomando por base os números do Ipea, que apontam que o aumento de 10% do efetivo é capaz de reduzir em até 3,4% os índices de homicídios, o leitor pode calcular quantas mortes poderiam ter sido evitadas se o governo passado tivesse investido com responsabilidade na Segurança Pública. 
 
Para deixar claro que o governo Hartung abandonou a segurança, basta avaliar outro dado. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um policial para cada 250 habitantes. Para ficar dentro do parâmetro da OMS, a PM capixaba teria que ter hoje um efetivo de 14 mil policiais. Temos pouco mais da metade disso. Por isso, não por acaso, temos também a segunda maior taxa de homicídios do País há mais de uma década. 

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