Quarta, 24 Abril 2024

Mal entendido

Volta e meia o discurso volta à tona e alguém lança mão da necessidade de a educação receber mais recursos para se fortalecer. Em Brasília, a presidente Dilma Rousseff defende 100% dos recursos dos royalties para a área, mas há ainda um grande mal entendido a ser superado. Na segunda-feira (19) a deputada Rose de Freitas (PMDB), ao defender a proposta, cobrou mais investimentos para a educação voltada para formação profissional. 

 
É uma pena que para a classe política a educação seja meramente uma forma de dar resposta à população sobre formação de mão de obra. Os índices da educação básica mostram que o investimento precisa ser mais abrangente do que o restrito ao ensino médio e ao pós-médio. 
 
Nessa quarta-feira (21), a Comissão de Educação do Senado discutiu um tema, no mínimo polêmico, a federalização da educação básica. A situação é calamitosa. Em Vitória, que tem uma um serviço na área bem melhor em relação ao restante do Estado, a fila de espera é de 10 candidatos para uma vaga. 
 
As administrações municipais não conseguem dar conta da demanda. Para tentar arrecadar um pouco mais, agregaram ao ensino básico um ano a mais. As crianças entram no primeiro ano, com seis anos, e muitas escolas não têm sequer estrutura para receber os pequeninos. 
 
O senador Cristóvam Buarque (PDT) destacou, na audiência de quarta-feira no Senado, que o simples aumento de investimento na educação pelo estado não irá resolver todos os problemas. O senador acredita que seja necessária uma intervenção direta da União e a criação real de uma carreira nacional do magistério, além do aumento do custo médio por aluno e do salário dos professores que, segundo estudos, deveria ser de R$ 9 mil mensais.

 
Ainda na audiência, o coordenador Geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, dentro do esforço para ampliar os investimentos em educação para o patamar de 10% do Produto Interno Bruto (PIB), a União seria a única capaz de aumentar a sua participação, uma vez que os municípios "estão com a corda no pescoço e os estados estão próximos disso".
 
Para o Espírito Santo e seu chororô com as perdas dos recursos federais a coisa é ainda pior. Mas não basta apenas aumentar os investimentos. Além de uma mudança no currículo escolar que já deu sinais de esgotamento há muito tempo, é preciso mudar a mentalidade dos gestores de educação também.
 
Em vez de voltar sua visão apenas para a formação de apertadores de botão, é preciso investir em uma educação transformadora, que dê aos cidadãos condições de entender criticamente o mundo em que vivem, para daí escolherem o caminho que os levará não só ao sucesso profissional, mas também ao consciência plena. 
 
O problema é que mexer com isso sempre foi visto como uma ameaça para a classe política. A ascensão da classe C, levou as famílias a investirem na educação dos filhos. Embora o número de analfabetos funcionais ainda seja alarmante, já foi o responsável pela “onda da mudança”. Aí ninguém quer, não é?

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