Desvio, roubo ou troca de malas nos aeroportos são temas bastante comuns, tanto na vida real quanto nos filmes. Acontece com quem viaja, e um dos bons conselhos que se pode dar para uma viagem tranquila é levar roupa extra na mala de bordo, ou na mochila do ombro, ou mesmo na bolsa de mão. Mas se formos levar ao alcance da mão todos os extras com que o acaso nos surpreende, toda a bagagem teria que viajar do nosso lado.
Espaço não temos, infelizmente. A ganância das empresas aéreas reduz cada vez mais nosso direito de ter uma viagem confortável. O avião aguenta sem reclamar, mas por que não pôr mais assentos e levar mais gente? Por que não unir o bom e o melhor, levando cargas também? Essas não precisam ser alimentadas, não exigem lançamentos recentes de filmes, não sujam e estragam os estofamentos, etc, etc. E não dormem, mas tem muito passageiro que também não.
Mesmo encolhendo o que nos permitem carregar, no ano passado, mais de 29 milhões de bagagens foram perdidas, estragadas ou desviadas nos aeroportos do mundo. Ou seja 1.2 unidades para cada 100 passageiros. 51% dos desvios e perdas acontece nas transferências de voo – você desce no Rio e pega sua conexão para Catimbu, mas sua mala continua no voo inicial, indo parar em Cochabamba. Existe esse lugar? Ou para São Manoel das Armas.
14% das perdas ocorre porque a empresa, geralmente por descuido ou erro de rota, não embarca a bagagem – você vai para Saburerê e a mala fica esquecida em algum porão obscuro do aeroporto. Até ser localizada e despachada para seu destino, melhor ir comprar roupas sobressalentes. Sem falar que também os roubos ocorrem mais frequentemente em bagagens que ficam muito tempo paradas no aeroporto, nos traslados demorados. Já se sabe que a ocasião faz o ladrão.
O Centro de Bagagens Não-Reclamadas de Scottsboro, no Alabama, é um dos pontos turísticos mais visitados no estado. Para lá vão todas as malas e seus conteúdos esquecidos em aviões e aeroportos, para serem leiloados. Você pode entrar no sítio eletrônico do centro para ver o que as pessoas compram, e por quanto. Os ítens mais estranhos, de acordo com funcionários do local, foram uma cobra viva, objetos egípcios, e uma armadura completa. Imagina-se o excesso de peso que foi pago por uma autêntica armadura de ferro,.
Mas talvez tenha sido exatamente pelo excesso de peso que ela acabou ‘esquecida’ em algum trecho da rota. Imagina você turistando alegremente em Calbiza e vai pegar outro voo para Negbar, onde lhe informam que a empresa local cobra uma taxa de 20 dólares por mala… Você tem duas, são 40 dólares… fica mais barato esquecer pelo menos uma delas, espremendo o conteúdo, e seguir com o mais necessário. Talvez até as duas, que quando tem dinheiro envolvido, o mais necessário pode ser bem pouco.
Nos tempos em que se podia levar mais bagagens as coisas eram piores. Com a redução da nossa tralha, as perdas e danos estão diminuindo também. Além disto, hoje há punições, e as empresas são mais responsáveis pelo que você deixou na ida e não encontrou na chegada. Nos Estados Unidos, o valor pago pela bagagem perdida é de 3.300,00 dólares por passageiro, sem ter que provar o que havia dentro. Já reclamei de mala avariada, e me levaram a um salão com todo tipo de mala possível e imaginável – “Pegue qualquer uma…” Levei horas para escolher.