Terça, 14 Mai 2024

Motim

A reclamação do deputado estadual Elcio Alvares (DEM) na Assembleia, pela segunda vez consecutiva, sobre o tratamento dispensado aos deputados pelo governo do Estado, merece destaque porque é sintomática. Alvares tem um perfil governista extremo, onde tem governo, ele apoia. Por isso, quando ele levanta a possibilidade de não votar matéria do governo é porque a situação está bem ruim.



É verdade que a relação entre o Palácio Anchieta e a Assembleia Legislativa nunca foi um mar de rosas, mas os deputados sempre mantiveram com o governador Renato Casagrande uma postura mais amena, destinando sua artilharia para o secretariado.



Os parlamentares agora disparam contra o governo, de uma forma abstrata, por conta da agenda conflitante com as sessões ordinárias em plenário ou das comissões da Casa, o que tem impedido o comparecimento dos deputados nos eventos do governo.



A questão que fica no ar é: o governo não quer a participação dos deputados nos atos públicos? Desde sua ascensão ao governo, Casagrande tem adotado uma postura municipalista, dando suporte e visibilidade aos prefeitos, comparecendo aos eventos nas cidades, circulando pelo interior. Isso colocou o governador em rota de colisão com os deputados, que estão se sentindo desprestigiados em suas bases.



Esse inconformismo dos deputados ainda não afetou a subserviência da Casa na aprovação dos projetos do governo, como sempre foram, a toque de caixa. A ideia de que os deputados não votaram a reposição dos servidores do Estado por conta de protesto contra o Palácio é ilusória, primeiro porque os deputados jamais iriam querer irritar a categoria que é grande no Estado. Segundo, porque há uma praxe em votar os reajustes de todos os poderes juntos e com acordo pré-firmado.



Mas os deputados começam a tocar no assunto, começam a dizer que se aprova tudo do governo a toque de caixa, começam a se revezar no microfone para reclamar do tratamento do governo.



Ainda não chegamos ao fim do primeiro semestre de 2013, um confronto com a Assembleia pode não ser nada interessante para quem deseja disputar a reeleição a governo do Estado, tendo pela frente um cenário tão indefinido. As constantes reclamações transpiram o prédio da Assembleia e podem contaminar a classe política e ecoar no eleitorado.



Seria o momento de o governador chamar os deputados para discutir a relação. Acertar os pontos e retomar a boa e velha “harmonia” entre os poderes, que sempre significou submissão do Legislativo ao Executivo ou a coisa pode ficar complicada.



Fragmentos:



1 – Disse o governador no Twitter, no último dia 26. “A italiana Santa Tereza está encantando a todos com o Festival Internacional de Jazz e Bossa. Nosso governo e parceiro deste grande evento”. Só que Santa Teresa é com “S”.



2 – Em tempos de crise com diminuição dos recursos federais, a Assembleia desarquivou os processos de emancipação política de 12 localidades. Será que é uma boa ideia?



3 – Pelo jeito o funil de 2014 vai ficar mais apertado mesmo. O TSE publicou a norma com a redistribuição das vagas. O governo recorreu ao Supremo, mas a questão parece pacificada. Será?

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