segunda-feira, julho 14, 2025
19.9 C
Vitória
segunda-feira, julho 14, 2025
segunda-feira, julho 14, 2025

Leia Também:

Movimentos sociais e democracia

É urgente romper anos de retrocessos e desmontes

A sustentação de um programa de governo democrático e popular, comprometido com os interesses e necessidades do povo trabalhador, não se constrói apenas com boas intenções e políticas públicas pontuais. Ela depende, fundamentalmente, da existência de movimentos sociais organizados, mobilizados e fortes – especialmente o sindical.

Não há democracia real sem participação popular. E não há participação popular efetiva sem os movimentos sociais como canal de organização e mobilização da sociedade. Eles são essenciais para defender conquistas, influenciar políticas públicas e manter viva a base social dos partidos progressistas.

No entanto, o movimento sindical e popular enfrenta hoje um cenário extremamente adverso. Anos de retrocessos, desmonte institucional e ataques diretos às entidades sindicais deixaram marcas profundas. A reforma trabalhista de 2017, aprovada no Governo Temer, e o avanço das políticas antissindicais no governo Bolsonaro, fragilizaram direitos, precarizaram relações de trabalho e comprometeram a capacidade de sustentação financeira dos sindicatos.

Mesmo com as conquistas do atual governo federal – como o aumento real do salário-mínimo, a correção da tabela do imposto de renda e a igualdade salarial entre homens e mulheres, o movimento sindical continua enfraquecido. Falta estrutura, financiamento e condições materiais para exercer plenamente seu papel histórico de defesa dos trabalhadores e mobilização popular.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de sindicalização caiu de 15,7% em 2015 para apenas 9,2% em 2023. É uma queda alarmante, que fragiliza toda a luta por justiça social. Se não enfrentarmos com seriedade o processo de pejotização, a informalidade crescente e o desmonte institucional do sindicalismo, perderemos um dos pilares mais importantes da luta democrática e popular.

Enquanto as entidades patronais contam com vastos recursos – inclusive via o sistema “S” -, os sindicatos de trabalhadores enfrentam uma asfixia financeira planejada. Propostas legislativas seguem tentando inviabilizar qualquer forma de financiamento autônomo. Essa desigualdade de condições entre capital e trabalho é uma distorção antidemocrática que precisa ser urgentemente combatida.

Além disso, não se pode subestimar os riscos que o próximo ciclo eleitoral representa. A extrema direita está organizada, bem financiada, com apoio empresarial e disposta a desmontar os avanços sociais das últimas décadas. Sem movimentos sociais e sindicais fortalecidos, que mobilizem a classe trabalhadora, os partidos progressistas terão suas bases eleitorais desarticuladas e vulneráveis.

A sinalização positiva de redução da jornada de trabalho, por exemplo, só será efetiva se vier acompanhada de um processo amplo de reestruturação sindical, que garanta autonomia, poder de negociação e protagonismo das entidades representativas dos trabalhadores.

O momento exige uma aliança firme entre governo, sociedade civil e movimentos sociais. É preciso restaurar as fontes de financiamento dos sindicatos, garantir a valorização das negociações coletivas, combater a criminalização das lutas sociais e reverter a precarização nas relações de trabalho.

Se não agirmos agora, o custo não será apenas uma eventual derrota eleitoral, mas sim o desmonte de décadas de avanços civilizatórios construídos com suor, coragem e resistência. A hora é de unidade e ação.

O futuro do projeto democrático e popular depende disso.

Mais Lidas