Domingo, 28 Abril 2024

Nada é impossível

Todo programa de ressocialização que se preze preocupa-se em dar uma segunda chance para quem passou pelo sistema prisional. Esta semana, o governador Renato Casagrande mostrou que o Palácio Anchieta está levando a sério esse preceito.

 
Mesmo sabendo que receberia umas pedradas pela frente– até por parte da imprensa mais condescendente -, o governador não pensou duas vezes na hora de arrumar um emprego para a ex-prefeita Norma Ayub, mulher do presidente da Assembleia Legislativa, Theodorico Ferraço (ambos do DEM). 
 
Provavelmente, o governador quis mostrar à opinião pública que o fato de a ex-prefeita de Itapemirim ter passado um período no xilindró, suspeita de envolvimento num esquema de fraude no serviço de arrecadação tributária, que envolveu nove prefeituras capixabas, não poderia ser fator preponderante para excluí-la da vaga. 
 
Pesou também o fato de Norma ser mulher do presidente da Assembleia, que chegou a ser investigado no esquema da Derrama, mas acabou saindo ileso, graças à compreensão do procurador-chefe do Ministério Público, Eder Pontes, que preferiu arquivar o inquérito contra o deputado. Comenta-se nos meios políticos que Ferração teria feito o pedido especial ao governador para dar um empurrãozinho na mulher. Afinal, o explosivo cachoeirense se comportou como um cavalheiro, há alguns dias, na prestação de contas do governador e, de quebra, controlou bem os ânimos dos deputados durante o evento. Mereceu. 
 
Norma, que foi uma das 33 investigadas na Operação Derrama, ainda não sabe se vai ter a mesma sorte do marido e se o Ministério Público Estadual irá ou não engavetar as acusações que pesam sobre ela. 
 
De uma coisa Norma tem certeza, graças coração "gigante" do governador, ela está tendo uma nova chance para retomar sua vida em grande estilo, com um cargo à altura do cacife da família Ferraço. 
 
O seu futuro chefe, o secretário da Casa Civil, Luiz Cicilliotti, também não vê problema algum em acolher a nova assessora, que irá receber cerca de R$ 8 mil mensais para labutar no Palácio Anchieta. Ciciliotti, muito despachado, já espantou qualquer polêmica em torno da nomeação ao reiterar que não existe nenhum documento que a impeça de exercer cargo público. Para Ciciliotti, o que vale é o que está no papel. Se não há nada, então ninguém poderá dizer que a ficha da ex-prefeita não é limpinha.
 
Só nos resta louvar a iniciativa elevada do governo e ficar na torcida para que os outros 15 mil internos do sistema, quando conquistarem a tão sonhada liberdade, tenham a mesma sorte da ex-prefeita. Difícil? Nessas horas é preciso ser otimista e pensar que no Espírito Santo, o Estado das oportunidades, tudo é possível. 

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