O Instituto Futura fez a pesquisa que o ex-governador Paulo Hartung (PMDB) necessitava para controlar desde o inicio as eleições deste ano. Vejamos o seu descaramento: diz que o governador Renato Casagrande tem apenas 15,1 % de rejeição e 81,6% de aprovação popular, situação que não reflete quando da disputa estimulada em que Paulo Hartung tem 47,9% contra 26, 8% de Casagrande. É a própria negativa da boa situação dele no governo. Uma vez que a rejeição apontada é exatamente a margem de desaprovação do atual governo. Em total desarmonia com o resultado estimulado.
Avançando sobre os números, o registro na estimulada dá conta que apenas 13,3% do eleitorado ainda está indeciso. Imagina! É uma eleição decidida antes de começar. Pois além de não ter indecisos, a margem de votos brancos e nulos inexiste, praticamente: 7,6% apenas. Tem sentido? Em um país – e o Espírito Santo não deve ser diferente – em que se calcula um imenso contingente de eleitor que irá votar em branco e nulo.
Já na pesquisa espontânea, 48,8% dos entrevistados, quase a metade dos consultados, portanto, está indeciso. Ou seja, a eleição está aberta. Enquanto o resultado da estimulada nos quer fazer crer que o próximo governador já está conhecido. Chama atenção que o próprio instituto, em pesquisa realizada em maio, mostrava que o cenário era praticamente o mesmo do registrado neste momento. Mesmo sem as novas candidaturas ao governo – como a do petista Roberto Carlos e do comunista Mauro Ribeiro –, a pesquisa dava 24% contra 18% do Casagrande. Comparando com essa agora, Renato se mantém no mesmo patamar e Paulo cresceu em cima da margem de erro que é 3,5%.
Com justificar esses 47% da estimulada? É a habitual desonestidade com os números do Futura quando se está em jogo os interesses do ex-governador Paulo Hartung.
A mágica dos números do Futura se dá justamente em cima do eleitorado indeciso. No confronto entre as duas pesquisas, um terço do eleitorado que se encontrava indeciso na espontânea aparece com o voto decidido na estimulada. Sessenta por cento foi para o Paulo enquanto o Renato ficou apenas com 25% deles. Isso explica esses 47,9% das intenções de votos na estimulada a favor do ex-governador.
A situação é tão surreal que, em lugar do cientista político do Instituto analisá-la, quem analisou foi o economista José Luiz Orrico. Que disse batatas. Mas tratando-se do Futura, esse tipo de conduta é regra. A mais recente ocorreu na eleição em Vitória, onde o instituto chegou a cravar no dia da eleição que Luiz Paulo (PSDB) seria o vencedor, mas acabou sendo derrotado por Luciano Rezende (PPS). O prefeito do PPS, aliás, já havia tomado outro banho na eleição anterior em que havia perdido para o então prefeito João Coser (PT).

