Quarta, 15 Mai 2024

Nas trevas

Depois de quase 100 dias à frente da Secretaria de Segurança Pública (Sesp), já deu para perceber que a gestão de André Garcia é avessa à transparência. O ex-secretário Henrique Herkenhoff tinha lá seus defeitos, mas pelo menos não ocultava os dados de homicídios, que eram praticamente divulgados em tempo real no site da Sesp para quem quisesse ver.
 
Logo depois de assumir a pasta, com a desculpa de que estava reformulando a apresentação dos dados, primeiro Garcia, sem dar satisfação à população, simplesmente “desapareceu” com os dados. Só após ser cobrado pela imprensa, justificou que estava mudando o formato de divulgação. A nova versão veio com menos informações e com muito atraso.
 
Embora o site Folha Vitória tenha divulgado nesta quarta-feira (5) o total de homicídios de maio, o dado não foi publicado no site da Sesp. A informação exclusiva do site Folha Vitória revela que 135 pessoas foram assassinadas em maio, 13 a menos que o mesmo período do ano passado. 
 
A notícia ainda traz um comentário de Garcia sobre os números: “Não temos uma meta matemática para a redução. Mas o grande desafio é manter a tendência de queda dos índices. Estamos completando o quarto ano com queda nos índices”, disse.
 
Como os dados continuam fechados à população e à parte da imprensa, nosso caso, a divulgação do número de assassinatos, complementada por um comentário do secretário que já virou uma espécie de bordão (“Estamos completando o quarto ano com queda nos índices”), deixa patente que a Secretaria de Segurança quer manipular os números como lhe for mais conveniente. 
 
Trouxemos um exemplo, em matéria publicada nesta quarta (5), que mostra como a Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais trabalha com transparência em relação aos números da violência. 
 
Na reunião do Colégio Nacional de Secretários de Segurança Pública (Consesp), realizada nessa terça-feira (4) em Belo Horizonte, que contou inclusive com a presença do secretário André Garcia, a Secretaria de Minas Gerais divulgou o balanço dos primeiros cinco meses de 2013, e admitiu que os crimes violentos aumentaram 19% em relação ao mesmo período de 2012. 
 
Esse dado divulgado por Minas, contabiliza todos os crimes considerados violentos, que necessariamente não resultam em mortes, como assaltos, estupros, sequestros e até extorsões, além, é claro, dos homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. 
 
Os números do governo mineiro dão à população a real dimensão da violência, porque, obviamente, violência não se resume aos dados de homicídios, como tenta simplificar André Garcia.
 
Os números repetidos no bordão de Garcia, por exemplo, não incluem esses dados. Os dados com certeza existem, mas a Sesp prefere não divulgá-los. Até os homicídios “secos” o secretário está relutando em divulgar. 
 
Essa falta de transparência e o discurso de queda de homicídios martelado por Garcia, no entanto, não conseguem convencer a população de que está havendo progresso na área da Segurança.
 
A sensação do cidadão que vive no Espírito Santo é de que a violência o acompanha 24 horas por dia. As pessoas ficam o tempo todo na expectativa de que podem ser vítimas de um crime ao dobrar a próxima esquina. 
 
A perspectiva da iminência do crime é algo extremamente estressante e afeta diretamente a qualidade de vida da população. Essa realidade que está na percepção do cidadão, a estatística de Garcia não consegue maquiar. 

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