A desastrosa gestão do prefeito Rodney Miranda (DEM) em Vila Velha não é, como muitos imaginam ser, o suficiente para impedir a sua reeleição. Pois o mesmo fator extra campo que decidiu a eleição passada à prefeitura canela-verde deverá se repetir na eleição de 2016. Aliás, foi esse mesmo fator que elegeu Rodney o deputado estadual mais votado nas eleições de 2010. Lembram?
Em comum, essas eleições têm o seu total descredenciamento para feitos dessa natureza: uma cadeira de deputado estadual recheada de votos e uma das prefeituras mais ambicionadas do Estado. Nessa conquista, não podemos esquecer, Rodney deixou para trás dois medalhões da política canela-verde: Max Filho e Neucimar Fraga.
Considerando que o delegado veio para Estado exclusivamente para ocupar o cargo de secretário de Segurança, já foi longe demais. Sem contar que o seu desempenho à frente da Segurança foi um fracasso sem precedentes na história recente do Espírito Santo, quando o Estado bateu todos os recordes de homicídios.
A razão desses inusitados feitos eleitorais estão ligados diretamente aos poderes que o governador Paulo Hartung (PMDB) investiu a ele. Entre os quais, a de sua própria vigília pessoal. Uma extensão que deu-lhe a condição de montar um amplo sistema de escuta no Estado, com o temido Guardião. Os grampos de Rodney não pouparam nem a classe política. Até o governador Paulo Hartung caiu nas redes da “grampolândia” armada por Rodney.
Fatos que ocorreram principalmente no primeiro mandato do governo de PH, quando ele era ainda um deslumbrado com as escutas que eram feitas sobre determinadas figuras que pudessem futuramente atropelá-lo na longevidade de poder, que havia traçado para si.
O que abriu precedente também para Rodney conhecer os meandros do poder do então governador Paulo Hartung, por meio grampo montado nas dependências do próprio Palácio Anchieta, que, num determinado momento, gerou desconfiança na P2 da Polícia Militar, levando o então secretário chefe do Gabinete Militar, coronel Luiz Sérgio Aurich, a determinar uma varredura fina nos cômodos do Anchieta.
A ação de investigar o grampo, foi, no entanto, contida pelo subsecretário de Segurança, à época, e também delegado da Polícia Federal, Fernando Francischini, que Rodney havia trazidos para comandar todo esse sistema de espionagem no Estado.
O conflito com Rodney e Francischini acabou tirando o coronel Aurich da Casa Militar.
A verdade nua e crua é que o futuro político de PH está, umbilicalmente, ligado à reeleição de Rodney. Não diria à beira do abismo, mas com uma certa proximidade. Por tratar-se , sobretudo, de segredos de um homem público que arbitrou o bem e o mal nos seus períodos de governo, ficando com a indigesta tarefa de reeleger Rodney e deixá-lo em condições políticas condizentes com a sua gula de poder.
Mas eleitoralmente Rodney tem o peso de uma anta. Exigindo que PH mexa na tendência eleitoral que está se formando em Vila Velha. Qual seja, uma boa disputa entre o deputado federal Max Filho (PSDB) e o ex-prefeito Neucimar Fraga, que acabou de entrar no PSD.
Mas se o cenário for esse mesmo, não há PH que dê jeito num iminente revés de Rodney nas urnas. Entretanto, se Max Filho abrir mão da disputa, posicionando-se como anda deixando a entender, mais guindado para uma futura disputa ao governo, restaria só Neucimar para Rodney tirar da disputa.
O que não é uma tarefa fácil, mas tratando-se de quem vai bulir o processo, não seria de todo impossível que Rodney obrigasse PH a tirar o ex-prefeito do seu caminho.
Não podemos deixar de considerar que Neucimar foi para um partido que está sob o controle do governador e é presidido por um homem de sua extrema confiança, o ex-deputado federal Zé Carlinhos da Fonseca.
Tudo pode acontecer.