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O Brasil é nosso. Vem pra rua!

Há dias, milhares de brasileiros estão ocupando as ruas. Dizem que o “gigante acordou” dos anos em que permaneceu entre um estágio de suposta aceitação e letargia, passando a um estado de revolta generalizada. A insatisfação, a indignação, a irritabilidade e a intolerância estão ativas. Diariamente, em vários cantos, dos maiores aos menores do Brasil, levantam suas bandeiras: pela reforma política, pelo passe livre, pelo fim e punição a corrupção, pelo fim de tarifas e impostos, por segurança, pelo controle da inflação, por saúde e educação “padrão FIFA”, dentre outras reivindicações. O processo é semelhante a uma catarse coletiva.
 
Manifestam-se pacificamente, mas como a mobilização ocorre via redes sociais, baderneiros se juntam aos atos e depredam lojas, patrimônios públicos, afrontam a polícia, manchando o objetivo e contrariando uma das principais bandeiras – pela educação. Os ativistas rejeitam as atitudes de violência, pois não representam o movimento.
 
Se há clamor por melhoria na educação, o coerente e o desejado pela maioria é que ajam com educação, afinal sabemos que o dinheiro que pagará pelos consertos do patrimônio público será também o nosso.
 
Coloco à mesa reflexões pertinentes ao momento de inquietação e da “agilidade” por parte do Governo. Há poucas décadas melhoramos o estado de miséria e de fome marcantes ao Brasil, a partir de ações voluntárias como as das pastorais da criança e da saúde e de Programas como o Comunidade Solidária, depois substituído pelo Fome Zero, passando as diversas bolsas criadas ao longo dos últimos Governos. Atualmente, o Governo Federal distribui mensalmente benefícios em dinheiro, através do Programa Bolsa Família e o Governo do ES através do Programa INCLUIR. Ambos destinados as famílias na linha da pobreza, pobreza extrema e de fome. Por outro lado, registramos no ES queda na criação de empregos formais, marcando uma tendência a permanência de milhares de famílias subsidiadas por essas bolsas. Os Programas são desenhados de forma estratégica, visando promover a emancipação das famílias pobres e necessitadas, mas será que fazem?
 
Avançando. Se há um clamor por acesso e melhoria na educação, entende-se que nem todos têm acesso a ela. Certo? Certo. E se nem todos têm acesso, o conhecimento e a consciência crítica construídos a partir do acesso à educação ficam prejudicados. Há que se considerar também que, sem o acesso universal à educação os auxílios distribuídos pelos Governos à população talvez passem a ameaçar a sua saúde física, mental e social. Como? Porque mantém a dependência econômica. Saem da miséria física, mas passam a condição de miséria social. Não adianta distribuírem “bolsas” sem educá-los, inclusive, a utilizá-las. Como existe esta lacuna, a imprensa noticia casos de bolsistas utilizando indevidamente estes recursos, desviando-os para a compra de bebida, drogas, mesmo havendo o monitoramento e o controle nos Programas.
 
Nessa linha, a bandeira pela melhoria na educação, está incompleta. Penso que deva ser pela melhoria e ampliação no acesso, na qualidade e pela inclusão já, da educação financeira no currículo escolar, pois assim, aumentando o nível de escolaridade, orientando sobre educação financeira e com maior empenho para a criação de empregos formais para os brasileiros, os Governos poderão “desmamar” as famílias bolsistas, capacitando-as e desenvolvendo-as para uma independência financeira e social, o que conferirá a real condição de cidadania.
 
Além do que, não podemos esquecer que as crianças e jovens de hoje, serão também os futuros políticos e governantes, e que, ao terem acesso aos conceitos e atitudes positivas no uso dos recursos financeiros pessoais, também serão capacitados a aplicá-los na gestão dos recursos públicos, com respeito e racionalidade.
 
Vem pra rua!
 
Tudo e todos pela (e com) educação

Ivana Medeiros Zon é assistente social,  especialista em Saúde Pública e em Estratégia Saúde da Família. Autora do Projeto Saúde Financeira na família: uma abordagem social, com foco em educação financeira.

Fale com a autora, mande suas dúvidas para [email protected]

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