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O contrário do certo nem sempre é o errado

O formulário tem muitas perguntas, mas apenas duas respostas: certo ou errado. Parece fácil, é só fazer um X na resposta que melhor identifica sua opinião, suas características ou seus conhecimentos. Mas com tantos formulários que devemos preencher vida à fora, como entender o que a pessoa que vai avaliar nossas respostas quer mesmo saber?
 
 
Entre o certo e o errado pode muito bem se acomodar um Talvez… ou um Pode ser. Entre um Sim e um Não se espreme um mundo de possibilidades. Vejamos uma pergunta simples – Você já comeu cabuti? Sim ou não podem parecer as únicas respostas lógicas, mas isso é julgamento apressado. Posso já ter bebido suco de cabuti, mas não comi cabuti sólido. Pode ser ainda que pus na boca, usufrui do delicioso sabor, mas devido ao excesso de calorias, não engoli.
 
 
 
Pode ser ainda o caso do Não tenho certeza. Embora o médico tenha recomendado abster-se de comer cabuti, a pessoa que preenche o formulário comeu uma empadinha naquela festa que não tem certeza se tinha ou não cabuti no recheio. Acontece nos melhores eventos. Há ainda a opção Não Sei, simplesmente porque ignoro o que seja cabuti, e não sei se já comi ou não. Ou não lembro… Responder Sim ou Não seria inadequado ou falso.
 
 
 
Outra situação dúbia acontece frequentemente nos formulários das alfândegas. Pergunta: Está trazendo valores superiores a $10.000,00? Opção de resposta: Sim – Não. Mas fica a dúvida – o valor permitido é  10.000,00 ou 9.999,99?  Se consigo ser a feliz portadora de $9.999,99 – sem ter sido assaltada no trajeto casa-aeroporto ou aeroporto-bojo do avião – estou livre dos impostos cabíveis e das explicações vexatórias sobre a origem do meu dinheiro. Certo?   
 
 
 
Errado, porque há sempre a possibilidade de uma pequena moeda jazer esquecida no fundo do bolso ou da bolsa, e sem a gente querer burlar a lei, ela vai completar o valor proibido. Um Talvez ou Não sei seria mais adequado, e ninguém se comprometeria com uma resposta equivocada. E não diga que um centavo não faz diferença. Lembram daquele filme em que uma pequena moeda esquecida no bolso do paletó levou o Chirstopher Reeve (Superhomem) de volta para o futuro?
 
 
 
E tem aquela pergunta estupidamente impossível de se responder com apenas duas opções no cardápio – Raça branca ou negra? Desnecessário me aprofundar na impossibilidade de responder tal pergunta com apenas uma resposta. Somos, quase todos, uma mistura de raças,  ou não somos de nenhuma das duas. Pergunta ofensiva: Origem: Hispana ou Branca?  Acaso os hispanos são azuis? E uma brasileira não necessariamente branca, o que vai responder?
 
 
 
Os formulários americanos ignoram os brasileiros – não são hispanos, falam uma língua que ninguém entende, pertencem a uma raça difícil de classificar. Outra pergunta esdrúxula: Cidadão ou alienígena? Essa pergunta faz lembrar dos romanos, para quem o mundo se dividia em dois polos: Romanos e Bárbaros. Ainda bem que eles não preenchiam formulários.

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