O cúmulo

Uma coisa que vinha preocupando muito a coluna é a questão da manutenção do poder no meio sindical. Mas o que chama mais a atenção é um artifício que tem se tornado cada vez mais comum no meio, que é a demissão motivada pelo sindicato.



No início, a coluna resistiu em acreditar nisso. Ouvia muita gente de dentro do Sindicato dos Rodoviários relatar que o fato era comum, mas ainda assim, pelo absurdo da coisa, custava a acreditar. Até que soube de uma reunião dentro da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em que participou o presidente da entidade, e que foi decidida a demissão de quatro rodoviários, integrantes da chapa de oposição na eleição da categoria.



Deram azar porque todos eram cipeiros. A empresa em que trabalham três deles, a Satélite, que tem um diretor que é irmão de um integrante da diretoria do sindicato demitiu os três, mesmo tendo estabilidade. Foram reintegrados.



Isso também está acontecendo dentro do sindicato dos Metalúrgicos, que já negociou a demissão de dois trabalhadores e agora está tentando articular com o prefeito, para que intervenha para impedir a participação de integrantes da oposição no processo.



A situação beira ao absurdo. A entidade que tem a função de defender o trabalhador, buscar melhores condições de trabalho e remuneração atua como inimiga do trabalhador. Prejudica o sindicato também, porque tira o trabalhador de seu local de trabalho e ninguém fica sabendo o que está acontecendo.



O sindicato deixou de ser uma instância democrática de luta de classe para se transformar em um instrumento de negociata e enriquecimento ilícito. E o que preocupa ainda mais, é o fato de as centrais em vez de tentar evitar esse tipo de comportamento, não só ignora como participa. Como podem os trabalhadores confiar em seus representantes dessa forma? Eis um dos motivos para o esvaziamento dos sindicatos.  Aonde vamos chegar?