O fim justifica os meios
Para compreender os tempos (para além de chronos) que vivemos no Brasil, recomendo uma leitura ou releitura de O Príncipe, de Nicolau Maquiavel.
Clássica do Renascimento, século XVI, esta obra rompe o romantismo da "adoração ao governante" herdado da monarquia e revela as características comuns aos ocupantes do poder, podemos afirmar, de quaisquer regimes, e pior, por todos os tempos.
Partindo da premissa de que o importante é que pareça ser, mesmo que não seja, o governante justifica suas ações como parte da luta "pela felicidade do povo", quando, em verdade, a única coisa que lhe importa é se manter no poder.
Desta visão, particularmente reveladora do sujeito que ocupa o poder, e em se tratando de um clássico (que mesmo passados 500 anos continua a dialogar com a realidade), surge o termo maquiavélico que, a rigor, representa o governante que o filósofo descreve em O Príncipe. É preciso atentar para o fato de que a leitura que Maquiavel faz do Príncipe serve muito mais como um alerta para o povo, que um manual para um governo tirano.
A exemplo disso, a atual conjuntura política brasileira se revela um governo que podemos taxar de "maquiavélico", mesmo sabendo que o presidente dificilmente tenha tido contato com a letra do filósofo ou mesmo com a Filosofia, ele simplesmente aderiu ao popular "maquiavelismo". Esta postura está sempre muito clara em seus discursos e em sua ação política, que tem sempre uma realidade aparente muito distante da concreta.
A chamada "PEC kamikase", que rompe o regulamento eleitoral e interfere diretamente na eleição, é um exemplo gritante de golpe e, faz todo esse estrago protegido pelo discurso de "aliviar o povo pobre e os caminhoneiros frente ao aumento no preço dos combustíveis", quando, pelos ensinamentos de Maquiavel, sabemos que se trata de uma estratégia suja de angariar votos.
A questão da disparada no preço dos combustíveis é uma questão mundial, frente a todos os problemas desta década, onde se ressalta a pandemia e a guerra. Contudo, é preciso considerar também que, sendo o Brasil um grande produtor de petróleo, poderíamos estar mais aliviados da crise mundial, se o nosso petróleo não estivesse servindo ao enriquecimento de investidores, ao invés de beneficiar ao povo brasileiro.
Oferecer um aumento no auxílio à pobreza e aos caminhoneiros, faltando cinco meses para o final do mandato, além de fraldar a eleição, demonstra uma irresponsabilidade enorme frente à possibilidade de deixar um rombo no caixa, obrigando ao próximo governo enfrentar revoltas populares, acertando o caixa, ou sacrificar áreas importantes para manter o benefício.
Mas o pior de tudo isso, é que a parcela beneficiada da população jamais entenderá as razões para combater tal medida, mesmo porque, é antigo o argumento de que "em casa que não tem pão, todos gritam e ninguém tem razão".
Por fim, vale o diálogo esclarecedor, principalmente junto à população mais necessitada, para garantir o usufruto do benefício sem que ele se transforme em credibilidade a esse governo "maquiavélico" - na dimensão mais pejorativa possível do termo.
Everaldo Barreto é professor de Filosofia
Clássica do Renascimento, século XVI, esta obra rompe o romantismo da "adoração ao governante" herdado da monarquia e revela as características comuns aos ocupantes do poder, podemos afirmar, de quaisquer regimes, e pior, por todos os tempos.
Partindo da premissa de que o importante é que pareça ser, mesmo que não seja, o governante justifica suas ações como parte da luta "pela felicidade do povo", quando, em verdade, a única coisa que lhe importa é se manter no poder.
Desta visão, particularmente reveladora do sujeito que ocupa o poder, e em se tratando de um clássico (que mesmo passados 500 anos continua a dialogar com a realidade), surge o termo maquiavélico que, a rigor, representa o governante que o filósofo descreve em O Príncipe. É preciso atentar para o fato de que a leitura que Maquiavel faz do Príncipe serve muito mais como um alerta para o povo, que um manual para um governo tirano.
A exemplo disso, a atual conjuntura política brasileira se revela um governo que podemos taxar de "maquiavélico", mesmo sabendo que o presidente dificilmente tenha tido contato com a letra do filósofo ou mesmo com a Filosofia, ele simplesmente aderiu ao popular "maquiavelismo". Esta postura está sempre muito clara em seus discursos e em sua ação política, que tem sempre uma realidade aparente muito distante da concreta.
A chamada "PEC kamikase", que rompe o regulamento eleitoral e interfere diretamente na eleição, é um exemplo gritante de golpe e, faz todo esse estrago protegido pelo discurso de "aliviar o povo pobre e os caminhoneiros frente ao aumento no preço dos combustíveis", quando, pelos ensinamentos de Maquiavel, sabemos que se trata de uma estratégia suja de angariar votos.
A questão da disparada no preço dos combustíveis é uma questão mundial, frente a todos os problemas desta década, onde se ressalta a pandemia e a guerra. Contudo, é preciso considerar também que, sendo o Brasil um grande produtor de petróleo, poderíamos estar mais aliviados da crise mundial, se o nosso petróleo não estivesse servindo ao enriquecimento de investidores, ao invés de beneficiar ao povo brasileiro.
Oferecer um aumento no auxílio à pobreza e aos caminhoneiros, faltando cinco meses para o final do mandato, além de fraldar a eleição, demonstra uma irresponsabilidade enorme frente à possibilidade de deixar um rombo no caixa, obrigando ao próximo governo enfrentar revoltas populares, acertando o caixa, ou sacrificar áreas importantes para manter o benefício.
Mas o pior de tudo isso, é que a parcela beneficiada da população jamais entenderá as razões para combater tal medida, mesmo porque, é antigo o argumento de que "em casa que não tem pão, todos gritam e ninguém tem razão".
Por fim, vale o diálogo esclarecedor, principalmente junto à população mais necessitada, para garantir o usufruto do benefício sem que ele se transforme em credibilidade a esse governo "maquiavélico" - na dimensão mais pejorativa possível do termo.
Everaldo Barreto é professor de Filosofia
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Comentários: 3
Eu mesmo sou aposentado e vitima da sanha de roubalheira entranhada no pt, sou vítima e pago a conta pelo butim petista em meus vencimentos até setembro de 2036. Posto isso, os fins sempre justificam os meios, principalmente quando se tem socialistas e ou comunistas no poder. Afinal de contas, vivem das benesses do poder e deixam a fome, as migalhas e tudo o mais o que não presta para quem os elegeu. Ainda bem que a direita retomou o poder. Senão, eu estaria pagando por mais tempo ainda pelo resultado do roubo do pt no meu fundo de pensão. INFAME GESTÃO VERMELHA!!!
Graças a Deus que a direita está no poder, Christiano! Finalmente vivemos uma era de prosperidade, sem corrução, sem violência e com Deus acima de todos!
LOUVADA GESTÃO VERDE E AMARELA!!!
Caso tivesse feito oque era para ser feito hoje não estaríamos na mão dos corruptos novamente, sim, hoje acredito que os fins justificam os meios ,pois o ser humano é ingrato !