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O forró dos vistos

O bife acebolado é um patrimônio da humanidade

Grande Mesquita de Djenné, Mali

Menta Maria Matoso, exímia malabarista de forno e fogão, vai ao supermercado comprar cebolas para o ajantarado de domingo. Razão do evento: os amigos do marido virão assistir ao tradicional bate-bola de domingo na nova TV tamanho estádio de futebol. Quem diria, as cebolas estavam em falta! Como preparar um bife acebolado para dez pessoas se não tem cebola?

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Menta está sempre atenta aos temperos, mas esquece as opções, tipo, quem não tem cão caça com gato. Use azeitonas, recomenda outra freguesa que não gosta de cebola. Pimentões são bons substitutos, diz a vendedora, que recebeu uma grande variedade das três cores clássicas: verde, amarelo, vermelho. Dão um efeito lindo no prato! informa. Menta suspira, Pode ser, mas não seria o bife acebolado que o maridinho adora.

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O bife acebolado é um patrimônio da humanidade. Um coringa na cozinha, prático e fácil de preparar, embora uma alcatra hoje em dia custe tanto quanto o filé-mignon de antigamente. A variedade comprova seu domínio nas frigideiras: bife caipira: com arroz e feijão; bife saudável: com legumes sortidos; bife à milanesa: versão pobre do bife à parmegiana; bife metido a besta: com cogumelos; falso bife: sem carne; bife ao alho e óleo; sanduíche de bife com queijo e maionese. Tem bife a pé e a cavalo. Bife na brasa é chamado de churrasco, ou carne no espeto.

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No Brasil, onde a criatividade culinária não tem limites, tem bife-aniversário e bife enrolado, e o brasileiríssimo churrasquinho de gato, geralmente servido nas esquinas. As variedades são extensas, podendo ser pequeno, médio ou grande, fino, médio, grosso, duro, médio ou macio. Mal-passado ou bem-passado? Sangrento ou apenas um discreto tom avermelhado? Truque: se a carne for dura, pôr umas gotas do leite da folha de mamão.

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Os pimentões deram um sabor exótico ao bife de alcatra, e se o marido não comeu, também não reclamou. Nem poderia, porque um dos amigos era de Mali, que viu no prato colorido uma homenagem ao seu país: verde, amarelo e vermelho são as cores da bandeira do Mali. E o assunto, claro, foi a dança dos vistos que está abalando as relações internacionais. Esse pequeno país do oeste africano ousou impôr aos turistas americanos uma taxa de $10.000.00 para obterem o visto de entrada no país.

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A medida é uma retaliação ao mesmo valor imposto ao turista maliano para visitar os parques de Orlando, mas diz o ditado, “Na briga do sol com a lagoa, quem sofre é o peixe”. Ou seja, o povo. A economia de lá vai sofrer mais que a de cá, mas a diplomacia não vacila. Motivo alegado para a medida: “Alto nível de permanência excessiva, dificuldade de triagem e verificação, além de considerações negativas sobre a política externa americana. Ah, entendi! Ao turista acidental: Esse é um ótimo momento para visitar o Mali… tudo baratinho.

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