Atualmente há 15,4 milhões de agricultores cultivando 148 milhões de hectares com soja, milho, algodão e canola transgênicos em 29 países. Os líderes são os EUA (69 milhões de ha), o Brasil (30 milhões), a Argentina (24 milhões), o Canadá (10,5 milhões) e a Índia (10,6 milhões). A China corre por fora, longe dos líderes. A Europa está praticamente fora da corrida transgênica.
No Brasil, a transgenia abrange 85% das lavouras de soja, 75% do milho e 28% do algodão.
O milho é a bola da vez no Brasil. Já existe mais de uma centena de cultivares de milho geneticamente modificados, visando especialmente a resistência a insetos-praga.
Num evento recente, em Sete Lagoas, o chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo, Antônio Álvaro Corsetti Purcino, apresentou um novo argumento para justificar um novo ciclo de pesquisas com o milho. Segundo ele, a agricultura brasileira precisa reciclar-se pois está na dependência do uso de insumos não-renováveis. Ou, seja, NPK, a sigla formada pelos elementos Nitrogênio, Fósforo e Potássio.
Assim, em vez de produzir nitrogênio do petróleo, devemos trabalhar para que as próprias plantas captem o N da atmosfera e o fixem através das raízes no solo.
É grande o número de jovens pesquisadores que vêm trabalhando nesse terreno altamente promissor, mas quase todos voltados para leguminosas como as diversas variedades de feijão.
A ideia na Embrapa é direcionar as pesquisas para o uso de plantas não leguminosas, como o milho, na fixação biológica de nitrogênio no solo, que até pouco tempo atrás era considerada uma especialidade da soja e similares.
Como o milho demanda altas doses de N, fixar nitrogênio por meio biológicos pode se tornar, a longo prazo, a chave-mestra dessa cultura, fundamental para a alimentação de aves e suínos. Mas, para isso, será preciso produzir inoculantes para não leguminosas, a partir da experiência acumulada pela Embrapa Seropédica (RJ), onde trabalhou a doutora Johanna Dobereiner, pioneira na pesquisa de fixação de nitrogênio pelos rizóbios da soja.
O debate incipiente sobre tal revolução na cultura do milho, a maior depois da soja, sinaliza o quanto o avanço avassalador dos transgênicos na agricultura reduziu ao mínimo a resistência à introdução de organismos geneticamente modificados. Quanto a isso, não há maior exemplo de rendição do que a Embrapa, que se curvou totalmente à imposição do Mercado, praticamente esquecendo de avaliar os riscos à sustentabilidade ambiental.
LEMBRETE DE OCASIÃO
“O resultado de um estudo realizado por um grupo de pesquisadores franceses relançou a polêmica sobre os transgênicos na Europa. Os trabalhos da equipe de Gilles-Eric Séralini, pesquisador em biologia molecular na Universidade de Caen, no oeste da França, indicaram um grande aumento na incidência de câncer em ratos alimentados com o milho transgênico NK 603 da empresa Monsanto. Na Europa, esse tipo de milho não é cultivado, mas é importado para a alimentação animal. Já no Brasil ele foi aprovado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, a instância do governo federal que aprova a entrada de transgênicos no país, e é usado por produtores agrícolas.”
Notícia de 26/09/2012 publicada no site da Rádio França Internacional