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Os preparativos para os grandes eventos começavam na véspera – ou até mesmo antes, dependendo das manobras do acaso, esse mago caprichoso que comanda nossas vidas. O primeiro cuidado era com os cabelos. Tingir com azul-de-metileno – mais azul impossível! Pode parecer estranho, mas esse versátil produto ainda é responsável pela maioria dos cabelos azuis que vemos hoje dia. Põe bobs e cobre com uma touca de redinha. Com sorte, cada fio vai ficar na posição correta ao amanhecer. 

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Criado para proteger a cabeça, o cabelo é o detalhe da nossa decoração pessoal que recebe mais cuidados. Muita garota perde a festa porque o cabelo não deu certo. Mas como controlar essa floresta capilar que nos enfeita ou deprime? Contrariando as leis de igualdade, as louras têm mais fios na cabeça: 150.000. O cabelo ruivo tem menos fios e é raro, mesmo nos países frios. Cabelos castanhos e negros têm a mesma quantidade de fios.

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Para cabelos rebeldes era muito usado o ferro de passar roupa, outro que está desaparecendo do mercado. Era moda usarem o cabelo cobrindo o rosto, tipo mulher-fatal de filme noir,  para encobrir pequenas queimaduras. Também de alto risco era a depilação das axilas, pois usavam o aparelho de barbear do pai: aqueles com lâmina tira-põe. As garotas perdiam a festa por causa dos cortes nas axilas. E quem inventou a moda das axilas depiladas foi ninguém menos que Cleópatra.  

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Imagino quantos romances deixaram de existir por causa desses corriqueiros incidentes. Menos arriscados, compressas de chá de camomila nos olhos para tirar olheiras, chá de erva-cidreira antes de dormir para relaxar. No rosto usavam creme Rugol e Antisardina, no corpo, Leite de Rosas e Água  de Colônia…. Vestiam saia godê-balão, blusa tomara-que-caia, sapato boneca. Esmalte Cutex. Também inventado no Egito, os primeiros esmaltes eram pretos.

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Métodos singelos, receitas antigas que passavam de avós para netas, como os causos de assombrações e almas-penadas vagando pelos corredores durante a noite. Ah, as assombrações! Ninguém viu, nenhum falecido voltou pra contar, mas que existem, existem. Os assoalhos das casas antigas eram feitos de tábua corrida, que eram lavados durante o dia. À noite, a madeira úmida rangia, encolhendo, dando a impressão de que alguém andava pela casa. 

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O patriarca ouvindo a Hora do Brasil desligava o rádio e ia verificar se tinha ladrão. Como não havia ninguém, era assombração. Alma penada ou depenada? A neta pergunta e a avó se irrita. Presta atenção, menina, depenada é a galinha do jantar. As cantigas de ninar crianças eram na maioria, assustadoras: Dorme neném, que a bruxa já vem… Ou era o Bicho-Papão ou a Moura-torta, uma herança portuguesa, com certeza. A galinha do jantar era degolada no quintal e o peru ganhava um gole de cachaça antes do golpe fatal.

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