Sexta, 29 Março 2024

O x da questão

A queda do secretário de Justiça, Ângelo Roncalli, confirma a veracidade das primeiras denúncias trazidas à tona na decisão da Operação Lee Oswald, que foram devidamente apuradas. Apesar das críticas de setores da mídia local e até mesmo de autoridades públicas, a iniciativa de tornar os fatos públicos pelo presidente do Tribunal de Justiça do Estado (TJES), desembargador Pedro Valls Feu Rosa, merece a devida apuração pelos órgãos de fiscalização.  



A confirmação do esquema de corrupção no sistema prisional capixaba foi apenas a ponta desse iceberg. As fraudes no âmbito do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Estado (Iases), que contavam com a participação do agora ex-secretário, são muito graves. Mas há investigações que precisam ser levadas a cabo, como o expediente de construção de presídios sem licitação – também relatadas por Pedro Valls. 



Tão graves quanto às fraudes na ressocialização de menores, as supostas fraudes na construção de presídios têm o potencial para suplantar escândalos anteriores, atribuídas ao governo passado. Ao todo, as obras chegam à casa do meio bilhão de reais. Valor muito superior, por exemplo, às fraudes atribuídas à Assembleia Legislativa, que teriam sido de R$ 26 milhões, segundo relatório da Receita Federal que incluiu todo universo dos pagamentos da Casa –, tanto os ilegais quanto aqueles que não foram alvo de ações judiciais. 



Levando em consideração esse número, o escândalo dos presídios tem um potencial lesivo quase vinte vezes maior. Uma vez que foram construídos 23 presídios ao custo médio de R$ 22 milhões, sob o argumento de situação de urgência no sistema prisional. Mas o descalabro não termina por aí. Em seguida, o Estado também firmou “contratos obscuros” de terceirização dos presídios, segundo a denúncia do presidente do TJES. 



Mais do que simples números, as denúncias são exemplos de uma gestão pública temerária que deve e precisa ser apurada. O mesmo rigor no combate aos desmandos do passado deveria servir como referencial na apuração do batizado “novo” crime organizado. A quem interessa minimizar os relatos transcritos por Pedro Valls? 



Essa é a grande questão.

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