Domingo, 28 Abril 2024

Organização e luta

A organização e as lutas do povo trabalhador, desde a formação de nossa nação brasileira, sempre foram no sentido de fortalecer a cidadania, a democracia e a justiça social, buscando desenvolvimento com geração de trabalho digno e distribuição de renda para todos, em direção à construção de uma sociedade justa, igualitária, solidária e fraterna.

Nossas lutas sempre tiveram altos e baixos na direção dos nossos objetivos maiores. Na nossa história mais recente, após mais de vinte anos de ditadura militar, instaurada em 1964, passamos por um período de forte censura, repressão e redução aos direitos democráticos.

Com a nossa resistência e muita luta, chegamos a um processo de reabertura política e recuperação das instituições democráticas, construindo com determinação um período de redemocratização.

A luta pela redemocratização do Brasil ainda é um fato histórico de um processo em andamento, em que precisamos fortalecer nossa frágil democracia e consolidar direitos civis que nos garantam um estado com um governo da maioria para a maioria.

Neste processo de redemocratização em 1985, tivemos o primeiro presidente civil, pós ditadura militar, quando o Colégio Eleitoral escolheu Tancredo Neves, com 480 votos, em contraposição a Paulo Maluf, que representava a ditadura e obteve 180 votos.

Os movimentos da sociedade civil organizada, por meio de artistas, políticos, estudantes e trabalhadores protestando e lutando, pelas Diretas Já, não foram considerados e as eleições foram indiretas, por meio do colégio eleitoral, escolhendo Tancredo Neves, que faleceu antes de assumir, ficando então a presidência para seu vice José Sarney, que tomou posse e se tornou o primeiro presidente civil depois de 21 anos de ditadura militar no Brasil, e exerceu seu mandato de 15 de Março de 1985 a 15 de Março de 1990.

Com o povo organizado, resistindo e lutando por um Brasil melhor para todos, o processo de redemocratização prossegue e os presidentes civis eleitos após a ditadura militar foram: Fernando Collor 1990-1992 - com seu impedimento assumiu Itamar Franco 1992-1994; Fernando Henrique Cardoso 1995-2002; Luís Inácio Lula da Silva 2003-2010; Dilma Rousseff 2011-2016 - impedida pelo congresso no final do seu segundo mandato, assumiu Michel Temer 2016-2018; Jair Bolsonaro 2019-2022; e agora Lula para exercer seu mandato de 2023-2026.

A história da luta do povo brasileiro em seus diversos movimentos sociais, com diferentes e diversas formas de lutas por democracia e cidadania, sempre contribuiu muito no processo de redemocratização da nossa sociedade.

Essa luta nunca se resumiu à reconstrução de um regime político, ao fortalecimento da democracia para a derrubada do regime militar, mas principalmente, na construção de um projeto de um novo Brasil, com novos rumos para a cultura, economia e um projeto político de mão dupla, em que o poder constituído dialogue com a população, não apenas um projeto de governo, mas de estado democrático, que estabeleça um diálogo entre os poderes e seu povo, entre estado e sociedade.

A evolução de um povo, de uma sociedade, é feita de altos e baixos, assim no nosso processo político em evolução, conseguimos observar vários avanços em algumas áreas e estagnação ou até recuo em outras. Podemos tratar aqui dos processos eleitorais e as influências sobre ele, seja do ponto de vista do seu financiamento, da participação do povo organizado, de suas representações partidárias ou não, e da influência do poder econômico por meio das instituições privadas com interesses muito particulares, em detrimento dos interesses coletivos de nosso povo.

O sistema político e eleitoral brasileiro merece um debate na direção e sentido de seu aperfeiçoamento em sua estrutura e no fortalecimento das instituições que participam e das instituições que influenciam, direta e/ou indiretamente, no processo de escolha dos governantes de um povo.

A democracia ocidental tem demonstrado a necessidade de um grande debate, com uma ampla participação popular, para refletirmos sobre seu futuro, como deve acontecer a participação política de todos e quais são as reformas necessárias para seu fortalecimento.

Nesse sentido, os espaços de reprodução de ideias de nossa sociedade, que são a família, a igreja, a escola, o trabalho e as nossas relações sociais, precisam participar e interagir, para fazer as reflexões necessárias sobre as transformações, sejam elas pessoais e ou institucionais, com o objetivo de conquistar, ampliar e defender os avanços democráticos já conquistados.

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Comentários: 1

José Carlos em Segunda, 05 Dezembro 2022 10:40

Muito bom o resgate histórico de nossas lutas e a reflexão sobre o projeto de sociedade que estamos construindo, parabéns ao jornal Século Diário e ao seu colunista por propiciar tal reflexão.

Muito bom o resgate histórico de nossas lutas e a reflexão sobre o projeto de sociedade que estamos construindo, parabéns ao jornal Século Diário e ao seu colunista por propiciar tal reflexão.
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